Debates
Sala de aula digital: um caminho sem volta
Da Redação | 15 de fevereiro de 2018 - 01:02
Por Luis Antonio Namura Poblacion
Arrisco dizer que nunca foi tão difícil educar como é hoje
em dia. Tanto para os pais quanto para os professores. Com toda essa tecnologia
fazendo parte do cotidiano de crianças e adolescentes, como atrair a atenção
dos alunos para os métodos tradicionais de ensino? A competição entre livros e
cadernos com tablets e celulares chega a ser por vezes desleal. As ferramentas
tecnológicas ganham de lavada o interesse dos alunos. E, em razão disso, não dá
mais para os educadores fugirem desses recursos em sala de aula. As chamadas
TDICs – Tecnologias Digitais de Informação e de Comunicação – podem e
devem ser incorporadas nas práticas educativas. E te garanto que todos – alunos
e professores – serão mais felizes, e o processo de ensino e aprendizagem,
muito mais prazeroso.
Não adianta remar contra a maré; os estudantes de hoje em
dia são nativos digitais. Para eles, tudo é online e a tecnologia é algo muito
óbvio e natural. Por isso é tão difícil hoje despertar interesse pelo que foge
a esse universo. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, 22 milhões
(91%) das crianças e adolescentes brasileiras acessaram a Internet pelo celular
em 2016. Então, como não incorporar esse recurso como ferramenta pedagógica?
O desenvolvimento de aplicativos educacionais que auxiliam
na alfabetização e no aprendizado da matemática, de ciências e de idiomas está
bastante avançado e rico em conteúdo de qualidade. Diversas editoras também têm
agregado conteúdo digital a seus livros didáticos. É só buscar os que mais se
encaixam em seu planejamento educacional, que deve ser bem elaborado, com
objetivos definidos. Dessa forma, os recursos tecnológicos tendem a ser um
complemento no desenvolvimento das atividades em sala de aula, potencializando
novas formas de aprendizagem.
Sim, é um desafio usar a tecnologia a nosso favor. Muitas
vezes parece mais fácil lutar contra ela do que gerenciar o “efeito zumbi” que
ela causa nos jovens. Afinal, a grande maioria de nós é um professor que está
inserido em uma sala de aula no estilo do século 19, com a formação do século
20 e alunos do século 21, como dizia a mestra e especialista em Educação,
Carolina Defilippe. Para mudar esse cenário é preciso capacitação com foco específico
em tecnologia. Também é necessário engajamento e coragem para mudar a didática
tradicional. Práticas inovadoras são sempre bem-vindas e devem ser integradas
aos conteúdos.
Precisamos valorizar as inteligências múltiplas da nossa
geração de alunos, que consegue interagir de diversas formas e executar
inúmeras atividades ao mesmo tempo. Porém, é preciso direcioná-los
pedagogicamente e tecnologicamente. Sem esse tipo de orientação, eles
provavelmente se perderão no caminho da aprendizagem, desviando-se do foco
proposto pelo professor. Esse é o papel que o educador moderno deve exercer em
sala de aula.
Luis Antonio Namura Poblacion é Presidente da Planneta e Engenheiro Eletrônico pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica; com especialização em Marketing e Administração de Empresas e MBA em Franchising pela Louisiana State University e Hamburguer University – Mc Donald´s. Atua na área de educação há mais de 35 anos.