Debates
Xadrez Político: a necessária troca do tabuleiro
Da Redação | 19 de janeiro de 2018 - 02:54
Por Celso Tracco
No futebol, devido aos conhecidos vexames e fruto da pressão
popular e da imprensa, trocou-se o comando, e uma nova comissão técnica da
seleção foi convocada. Com isso, o time passou a ganhar. Neste caso, a troca do
"comandante" resolveu o problema. E os jogadores eram praticamente os
mesmos. Com nova gestão, novas táticas, nova conversa, com trabalho eficaz e
disciplina, passamos do inferno iminente da desclassificação para o paraíso da
empolgação desenfreada, mas o objetivo foi atingido, estamos classificados.
Na política, o ano de 2014 também foi vexatório. A reeleição
de Dilma Roussef aconteceu graças a um verdadeiro estelionato eleitoral.
Medidas populistas e sem respaldo orçamentário garantiram a reeleição. Em
consequência dessas medidas a inflação subiu, o desemprego aumentou, veio a
operação Lava-jato e a presidente caiu! Economia em frangalhos e popularidade
em baixa, ninguém queria ficar ao lado do perdedor(a). Melhor trocar o
"técnico". Mas aqui o jogo é outro. O novo presidente, vice do governo
anterior, está tendo algum sucesso, embora superficial, na área econômica, mas
não conseguiu implementar as necessárias reformas que o país precisa.
O que esperar do resultado das urnas? Diferentemente do
futebol, nada! Não há esperança. Não importa quem tomará posse, nada mudará
substancialmente. O Brasil precisa de um novo sistema político. O atual
proporciona gastos impagáveis, o orçamento da União para 2018 é de R$ 3,5bi,
apenas 5% deste volume é destinado para investimentos. A maior parte destina-se
à Previdência, Pessoal, Refinanciamento de Dívidas. É necessário o devido
enxugamento da máquina pública! Isto nos três poderes e em todas as esferas de
governo.
Venha quem vier, seja eleito quem for, o discurso já está
pronto: as prioridades serão a saúde, a educação, moradia popular, a diminuição
da pobreza, o bem estar social, enfim, o mesmo de sempre. E depois terão que
distribuir verbas e mais verbas para sua "base governamental", pois
ficarão reféns dos parlamentares fisiológicos, corruptos, a elite política que
assalta o Brasil há décadas e que está apenas interessada em se manter no
poder, nunca no bem comum da população. Precisamos de um sistema político que
dê um mínimo de governabilidade para o executivo, caso contrário viveremos em
uma eterna crise.
O Brasil precisa se transformar, ter como visão o bem comum
para toda sua população, e para isso precisa encarar seus problemas de frente,
não bastam medidas paliativas. Não basta trocar as peças, precisamos trocar o
tabuleiro! Já!
Celso Luiz Tracco é economista e autor do livro Às Margens do Ipiranga - a esperança em sobreviver numa sociedade desigual.