Debates
Esporte na infância
Da Redação | 12 de dezembro de 2017 - 02:13
Por Marcello Richa
É inegável que a prática de atividade esportiva, quando
realizada de maneira equilibrada e respeitando os limites individuais, resulta
em benefícios sociais, físicos, cognitivos e emocionais essenciais para o
desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes. Dessa forma, um dos
principais desafios para qualquer gestão pública na área é conseguir promover
programas e ações que sejam atraentes e de fácil acesso para esse segmento.
Uma das principais características do esporte é ser
extremamente democrático e flexível, com modalidades para todos os tipos de
biótipos e gostos que podem ser promovidos em diferentes espaços físicos.
Quanto maior a variedade de atividades e condições de acessibilidade, melhores
serão as chances das crianças e adolescentes encontrarem algo que gostam e
começarem a praticar regularmente.
Nesse formato, as políticas de esporte e atividade física
assumem um papel relevante na melhoria da qualidade de vida da população e dos
índices dos municípios, uma vez que irão afetar diretamente outras áreas
prioritárias da gestão pública, como saúde, educação e segurança.
As dificuldades, porém, são muitas, uma vez que a maioria
dos municípios não dispõe de praças esportivas ou equipes para promover
atividades sistemáticas dentro das comunidades ou com uma boa variedade de
modalidades. Conseguir superar essas adversidades e ofertar programas
acessíveis e descentralizados exige um trabalho de intersetorialidade entre
poder público, iniciativa privada e entidades sociais.
Foi exatamente com esse foco que a Secretaria Municipal do
Esporte, Lazer e Juventude de Curitiba (Smelj) implantou neste ano o
programa Escola+Esporte=10 (EE10), criado por meio de uma parceria com a
Secretaria Municipal da Educação. O projeto amplia a rede esportiva ao promover
atividades no período de contraturno escolar para crianças e adolescentes de 7
a 17 anos nas unidades da Smelj, escolas municipais e em espaços alternativos
em clubes e entidades.
A meta inicial era oferecer 21 modalidades, mas em conjunto
com federações, voluntários e entidades, foi possível ofertar 28 atividades
esportivas e criar 196 novas turmas apenas em 2017. Isso resultou em 8.179
inscrições nas atividades, um aumento de 62% em relação ao ano anterior. O
programa também formalizou 32 convênios com entidades, que receberão suporte
técnico e materiais esportivos para atender 3.150 jovens em seus programas,
ampliando o alcance das atividades e diversidade de modalidades ofertadas nas
comunidades.
Por meio do diálogo, capacitação dos servidores e parcerias
que visam ampliar a prática esportiva no município, foi possível gerar um
impacto grande em pouco tempo e sem investimentos vultosos, respeitando as
condições financeiras do município. Uma realidade que gestores atuais e futuros
terão que se adaptar cada vez mais para promover políticas públicas efetivas e
descentralizadas.
Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do
Paraná (ITV-PR)