Indiano toca violão durante cirurgia no cérebro
Como o cérebro “não sente dor”, o procedimento é feito apenas sob anestesia local
Publicado: 27/07/2017, 10:30
Como o cérebro “não sente dor”, o procedimento é feito apenas sob
anestesia local
Não é todo dia que vemos uma pessoa tocando um instrumento
musical enquanto cirurgiões operam seu cérebro. Por isso, a imagem do
músico indiano Abhishek Prasad tocando violão exatamente
nessa situação não passou, nem poderia passar, despercebida. Segundo
informações da rede britânica BBC, foram os próprios médicos que pediram
que Abhishek tocasse.
O ato os ajudaria a identificar o circuito cerebral correto
que eles deveriam “queimar” para tratar espasmos musculares involuntários que
afetavam os dedos do paciente, problema popularmente conhecido como
“distonia do músico”.
A distonia, condição que causa espasmos
dolorosos além de movimentos de torção, repetição e postura
anormal, impedia que Abhishek movesse os dedos médio, anular e mínimo
(dedinho) da mão esquerda quando tocava violão. “Eu pensei que a rigidez fosse
causada pelo excesso de prática. Eu tirei uma folga e tentei novamente, mas
percebi que não houve alteração. Alguns médicos me disseram que era fadiga
muscular e me receitaram analgésicos, multi-vitamínicos, antibióticos,
fisioterapia etc.”, contou o músico.
Mesmo após alertar que os espasmos só aconteciam quando ele
tocava violão, o diagnóstico correto só aconteceu quando ele se consultou com o
neurologista Sharan Srinivasan, há nove meses. “Eu fui aconselhado a realizar a
cirurgia, mas fiquei com medo. Mas meu médico me deu confiança para seguir em
frente”, disse Abhishek.
Srinivasan contou à BBC que fez uma abertura de 14
mm no crânio de Abhishek, pode onde foi inserido um eletrodo especializado
dentro e a área alvo, que foi identificada com a ajuda de imagens de
ressonância magnética, estava entre 8 e 9 cm de profundidade no cérebro. Como o
cérebro “não sente dor”, o procedimento é feito apenas sob anestesia local, o
que possibilitou o paciente a ficar acordado e tocar o
instrumento durante a operação.
“Ele estava completamente acordado durante todo o
procedimento e o resultado já estava disponível na mesa de operação, porque
seus dedos começaram a se mover novamente no violão”, explicou o médico
“Após a sexta queimada, meus dedos se abriram. Eu estava
normal já na mesa de operação”
O paciente afirmou que se recorda vividamente de
cada detalhe do procedimento. Ele disse que inicialmente os médicos colocaram
uma estrutura com quatro parafusos em sua cabeça para, em seguida, abrirem seu
crânio e só depois realizar a ressonância. Conta ainda que, embora parecesse
que um “gerador estava ligado” durante a operação, não sentiu dor.
Para Srinivasan, cirurgias do circuito cerebral em pessoas
vivas são um marco importante na Índia. “As pessoas com este transtorno
neurológico geralmente se sentem deprimidas e se limitam a exclusão. Estes são
os tipos de pacientes que precisamos alcançar”.
Informações MSN Notícias