Ex-presidentes da Ocepar são homenageados em evento
Desde o primeiro presidente, até o último ex-presidente, as homenagens foram feitas.
Publicado: 25/07/2021, 21:00
Desde o primeiro presidente, até o último ex-presidente, as homenagens foram feitas
Dentro da Programação do Fórum dos Presidentes, realizado na última quinta-feira (22) pela Ocepar, a homenagem aos ex-presidentes da Ocepar, além de evidenciar o reconhecimento ao profissionalismo desses líderes, desde a criação, passando pelas articulações para a consolidação da entidade e evolução e fortalecimento das cooperativas paranaenses, que proporcionam benefícios socioeconômicos a toda a sociedade, referendou a importância dessas lideranças ao longo de meio século para o sistema, não só no Paraná, mas em todo o Brasil.
Guntolf Van Kaick, o primeiro
presidente da entidade, esteve à frente da Ocepar em quatro gestões. Ele
relembra que, na época, havia uma situação socioeconômica difícil no país. “O
paraná saiu da economia cafeeira para um futuro desconhecido, pautado
basicamente em cima da agricultura familiar. Dentro deste quadro, um grupo de
profissionais entendeu que havia necessidade de organizar a produção e o
produtor. Já tínhamos um cooperativismo importante no Paraná, mas que não
estava devidamente estruturado. Por isso, a Ocepar foi concebida como
organização de integração das cooperativas, tendo por base o Projeto de Lei do
Cooperativismo que estava sendo discutido no Congresso Nacional e que seria
votado em dezembro de 1971. Mas a Ocepar foi fundada no dia 2 de abril de 1971,
antes, portanto, da promulgação da lei, tornando o Paraná um dos precursores
desse movimento. Então, esse é um fator de orgulho para mim, que,naquela
oportunidade, fui eleito o primeiro presidente da entidade, assumindo o desafio
de coordenar o desenvolvimento deste projeto. E, neste momento, quero
parabenizar a todos pela passagem dos 50 anos da Ocepar, o que para mim é
motivo de muito orgulho”. Van Kaick foi presidente nas gestões 1971/73;
1973/76; 1981/84 e 1984/87.
Extensionista da antiga Acarpa
e defensor do cooperativismo, Benjamin Hammerschmidt, já falecido, foi
presidente nas gestões 1976/79 e 1979/91. No editorial do jornal Paraná
Cooperativo, edição de março de 1977, ele escreveu: “O cooperativismo, com suas
portas abertas a todos quantos pretendam nele ingressar, não é monopolista e só
visa a melhor distribuição de renda, evitando que seus associados sejam vítimas
de comercialização inadequada aos seus supremos interesses. Por isso mesmo,
estamos certos de que a cooperação é a forma mais correta de defesa do
associado e tem sido através do cooperativismo que encontramos uma grande parte
das soluções para os diversos setores da economia.”
O cooperativista Wilson
Thiesen, que presidiu a entidade nos períodos de 1987 a 1990 e 1990 a 1991,
relembra passagens da história do cooperativismo no estado e, sobretudo em
relação à Ocepar, referindo-se ao Jubileu de Ouro da entidade como “uma data
memorável”. Segundo ele, ainda no nascedouro do movimento, se discutia que o
cooperativismo paranaense deveria ter uma instituição forte de representação de
política, pois não cabia às cooperativas, que tinham atividades econômicas,
exercerem a atividade política, porque isso traria desgaste para elas. Era
preciso ter uma entidade uma entidade que falasse por todos. “Logo que assumi
na primeira gestão, enfrentamos problemas devido aos planos Bresser e Verão,
que trouxeram graves problemas para as nossas cooperativas. Quem não se lembra
da inflação galopante e dos contratos que ficaram defasados em 43%. Conseguimos
trazer para o auditório da Ocepar o ministro Aníbal Teixeira (do Planejamento,
no governo de José Sarney) para discutir e levar para o governo federal o
problema que estávamos enfrentando. Tivemos grandes conquistas, como a
privatização da semente do algodão, a privatização da comercialização do trigo.
A Ocepar prestou um serviço incalculável para a economia do Paraná em defesa
dos seus associados. À medida que o cooperativismo cresce, com vem crescendo,
os problemas também se avolumam. Mas pela força do cooperativismo e pela união
de todos, isto sempre está sendo superado.”
A Presidência Ocepar, na gestão
1991/93, foi exercida por Ignácio Aloysio Donel. Em um comunicado enviado à
direção da entidade, ele enfatizou que, “assim como um cooperado sozinho não
tem força , uma cooperativa que não se une numa entidade representativa também
acaba limitando seu alcance. Antes de 1971, o sistema estava desorganizado e
não havia um direcionamento comum, um projeto compartilhado de ações. Com o
nascimento da Ocepar, o Paraná se tornou grande, pois passou a contar com uma
entidade que uniu as diferentes realidades, no campo e na cidade, promovendo a
integração das diversidades . Se não estivéssemos organizados em torno da
Ocepar, o cooperativismo de crédito não existiria.”
Dick Carlos de Geus, foi
presidente entre 1993 e 1995, e afirmou que o exercício do cargo representou
uma mudança muito grande em sua vida. “Depois de 30 anos trabalhando nas
cooperativas de Carambeí – na Batavo e na Cooperativa Central de Laticínios –
chegar, de repente, à presidência da Ocepar foi uma grande diferença.” E
prosseguiu: “Pude participar no aprimoramento do cooperativismo. A Ocepar não
obrigava as cooperativas a mudar, mas as orientava para adotar uma nova
sistemática e se profissionalizar mais. Eu me lembro que, nos anos 90, quando
foi introduzido o Plano Real, quão grande foram as dificuldades e como foi
importante a Ocepar para lutar, junto ao governo federal e ao Banco Central,
para que os cooperados fossem ajudados para superar aquela grande crise, pois,
se, de um lado, o Plano Real que foi muito bom para o Brasil, de outro, teve
impacto muito forte no agronegócio como um todo. Se não fosse a Ocepar, tenho
certeza, que de que muitas cooperativas teriam falido. Aproveito este momento,
para desejar a todas as cooperativas do Paraná um futuro cada vez mais
brilhantes. Somos um exemplo de cooperativismo no Brasil e até mesmo no mundo.”
Presidente em seis gestões
consecutivas, de 1996 a 2016, João Paulo Koslovski, disse que os 50 anos da
Ocepar são igualmente meio século de sucesso, amparado em cinco pontos, que
classificou como essenciais: “A Ocepar nasceu em cima de uma necessidade
manifestada pelas cooperativas; sempre teve diretrizes sérias e comprometidas
com o desenvolvimento do cooperativismo. A entidade sempre focou aquilo que as
cooperativas realmente precisavam em cima de uma demanda que vinha delas
próprias; a Ocepar sempre esteve à frente, e mesmo antecedendo, as demandas das
cooperativas; sempre atuou de forma profissional, não só preparando a sua
equipe, mas junto aos canais competentes para defender os interesses das
cooperativas; e o apoio fundamental que as cooperativas deram para a Ocepar
exercer essa representação. As cooperativas acreditaram no trabalho da
Ocepar.”
Entre as principais conquistas da entidade, Koslovski elenca “o Recoop (Programa de Revitalização das Cooperativas de Produção Agropecuária), que beneficiou um número significativo de cooperativas paranaenses, possibilitando que pudessem recompor a sua dívida e se recuperar; o Sescoop/Pr (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado do Paraná), que permitiu a profissionalização sem precedentes dentro do cooperativismo no estado. Foi uma iniciativa que nasceu dentro da Ocepar e foi levada para a OCB, fazendo com que os recursos recolhidos pelas cooperativas pudessem retornar ao sistema; o Prodecoop, por meio do qual pudemos inserir no plano safra esse programa para atender as cooperativas, pois não tínhamos um financiamento de longo prazo; fortalecimento do programa de autogestão. Van Kaick foi um líder que trabalhou muito em cima disso, assim como os demais presidentes que o sucederam na Ocepar trabalharam no sentido de fortalecer a autogestão, um programa inédito no país e que realmente deu uma consistência ao cooperativismo do Paraná; também destaco os planejamentos estratégicos, o PRC 100 e, agora, o PRC 200 que são programas importantes, que levaram muitas cooperativas a elaborarem o seu planejamento estratégico”.
Reconhecimento
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, considerou as homenagens que o Sistema Ocepar prestou aos ex-presidentes da Ocepar “justa aos heróis do cooperativismo paranaense”, que, com dedicação e profissionalismo ajudaram a construir o alicerce do sistema no Paraná. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ao final do evento, realizado de forma virtual nesta quinta-feira (22), afirmou que “temos muito orgulho do cooperativismo do Paraná, que faz a diferença no Brasil”, reconhecendo a importância das lideranças que foram homenageadas durante o Fórum dos Presidentes.
Freitas enfatizou que o
cooperativismo paranaense “faz um trabalho maravilhoso e que não é fácil,
porque há dificuldades e desafios a serem superados. Vocês, do Paraná, tem
ajudado o cooperativismo brasileiro, com o profissionalismo na gestão, desde a
autogestão adotada pelo Van Kaick, aproveitando as oportunidades de políticas
públicas, fazendo o dever de casa. Essa profissionalização que vocês vêm
tocando faz uma diferença fundamental, pois leva ao planejamento, que gera
confiança nos cooperados e que produz mais que o desenvolvimento econômico,
mais que o desenvolvimento social de seus cooperados, porque o cooperativismo
gera prosperidade sobre toda a sociedade que está no entorno do cooperativismo,
uma onda de prosperidade que faz bem à comunidade. Temos de passar isso para o
mundo”.
O Secretário da Agricultura do
Paraná, Norberto Ortigara, enfatizou que tem convivido com os 50 anos da
história bonita do cooperativismo paranaense, com seus avanços, “encurtando o
tempo para chegar ao faturamento recorde, mas não só dobrar a movimentação
financeira, mas visando obter margens maiores para distribuir aos seus cooperados.
É um caminho construído por pessoas importantes, que são os ex-presidentes, que
tocaram a entidade até a era do atual presidente Roberto Ricken, que tem a
incumbência de levar adiante os destinos do cooperativismo paranaenses junto
com esse belo time de líderes das cooperativas do estado”. E elogiou o PRC 200,
que classificou de “arrojado”.
A ministra Tereza Cristina,
também parabenizou a Ocepar pelo PRC 200. “Nós precisamos ser ousados mesmo,
ter meta. Temos muito orgulho do Paraná, temos muito orgulho do sistema
cooperativo do Brasil que vem fazendo a diferença no agronegócio.” A ministra
também aproveitou o momento conversar com as lideranças cooperativistas sobre
questões de interesse da agropecuária nacional, inclusive quanto à
possibilidade de ampliação de mercado externo, sobretudo para proteína
animal.
Um
pouco da história dos 50 anos da Ocepar e o depoimento dos ex-presidentes da
entidade estão no vídeo de homenagem aos ex-presidentes.
As informações são da assessoria de imprensa