Política
Prefeitura de PG suspende licitação para escolha de novo aterro
ONG ‘Planeta Azul’ pediu impugnação do processo licitatório que estava marcado para esta quarta-feira (20)
Afonso Verner | 20 de setembro de 2017 - 06:05
Em meio à uma nova polêmica, a Prefeitura de Ponta Grossa
(PMPG) suspendeu a licitação marcada para esta quarta-feira (20) que escolheria
um novo aterro sanitário para receber resíduos sólidos produzidos na cidade. Na
segunda-feira (18), a ONG ‘Planeta Azul’, presidida pelo agricultor Edilson
Gorte, pediu a impugnação do processo licitatório diante de um possível
desacordo com a legislação vigente – o processo prevê um investimento máximo de
R$ 8,4 milhões na escolha do novo espaço para destinação final do lixo
produzido na cidade.
Gorte explica que o questionamento da ONG se baseia em dois
aspectos. O primeiro deles seria uma suposta contradição com a legislação
municipal já que a lei 12.407 prevê que a destinação de resíduos seja feita
para um local com uso de tecnologia térmica, ou seja, uma usina de lixo – a
licitação prevê a escolha de um aterro sanitário e não de uma usina, com isso o
Executivo teria que alterar a lei para seguir com a licitação. O segundo
aspecto questionado pela ONG é o transporte do resíduo sólido até o novo
aterro.
Na visão de Gorte, presidente da ONG, a licitação não leva
em conta o transporte do lixo produzido em Ponta Grossa – com o fechamento do
Botuquara, apenas aterros sanitários em Curitiba e Piraí do Sul estariam aptos
a receberem os resíduos sólidos produzidos em Ponta Grossa. “Queremos saber
como funcionará o custo extra do transporte, o contrato com a Ponta Grossa
Ambiental [PGA] prevê o transporte até o Botuquara, apenas isso”, explicou o
ambientalista.
Via assessoria de imprensa, a Prefeitura informou apenas que
a licitação deve acontecer ainda no mês de outubro e que foi suspensa para que o
pedido de impugnação da ONG fosse analisado. Para a presidente do Comdema,
Caroline Schoenberger, a suspensão do processo é benéfica. “O Conselho entende
que a Prefeitura deve fazer uma licitação adequada às leis municipais e ainda
buscar uma forma menos onerosa para resolver o problema do Botuquara”, disse a
presidente do Conselho.
Caroline lembrou que o Conselho defende ainda que o
município discuta com o Ministério Público uma prorrogação no uso do Botuquara
com o intuito de encontrar uma área municipal para implementar um novo aterro
público gerido pela iniciativa privada, como atualmente já feito junto a Ponta
Grossa Ambiental. “Acreditamos que essa seria a melhor solução ao equalizar
questões financeiras e ambientais”, explicou a presidente do Comdema.
Multa diária
A utilização do aterro Botuquara prevê uma multa de R$ 1 mil
diária – isso porque o município descumpriu, na visão do Ministério Público, o
Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em 2015. Segundo o TAC, o Botuquara deveria
estar desativado desde o dia 17 de junho deste ano, mas o local segue recebendo
o lixo produzido em Ponta Grossa. A escolha de um novo aterro se transformou também
em um problema político.
O Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) tem acompanhado
o debate sobre a escolha do novo aterro sanitário. A principal preocupação dos
conselheiros diz respeito ao custo para utilização do novo espaço: como o
aterro deverá ficar em outro município, a expectativa é que apenas o custo do
transporte e do funcionamento do novo aterro seja de R$ 20 milhões ao ano.