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Crônica dos Campos Gerais: Cidade
Texto de autoria de Ingrid Aparecida Ditzel Felchak, professora aposentada, escritora e fotógrafa, natural de Prudentópolis e residente em Ivaí, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
Publicado por Camila Souza. | 06 de março de 2024 - 01:00
Caminhei na direção do povoado. Os pés vagarosos eram picados pelas grimpas escondidas entre o capim. Os Campos Gerais estavam cobertos pela geada. O vento impiedoso rosou minha face e o chapéu de palha alçou voo frenético além das araucárias. A beleza encantou os olhos. Onde poderia estar?
Casas de madeira pintavam a paisagem com cores variadas. Nos telhados, a fumaça dançava enquanto saia das chaminés. Aproximei-me... Crianças brincavam de esconde-esconde nas ruas de terra. Pessoas passavam apressadas carregando cestos de mantimentos ou conduzindo animais. Nas áreas e cercas, roupas secavam. Ainda posso sentir o cheiro de pão assado. Acordei.
Olhei pela vidraça respingada de chuva. As araucárias cederam lugar ao concreto e o povoado à cidade. Uma metamorfose orquestrada pelo progresso. Na calçada, o corre-corre dos transeuntes. Agora não há mais silêncio. Buzinas fazem queixas em meio ao congestionamento dos automóveis. Observo o movimento. Duzentos anos entre o sonho e a realidade. Olho o relógio na cabeceira. Levanto apressado em uma luta frenética pela sobrevivência cotidiana. Percorro a distância entre a praça e o colégio. Os alunos estão à espera da primeira aula do dia.
Texto de autoria de Ingrid Aparecida Ditzel Felchak, professora aposentada, escritora e fotógrafa, natural de Prudentópolis e residente em Ivaí, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (Acesse aqui).