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Páscoa, luta pelo poder e luta de classe

Imagem ilustrativa da imagem Páscoa, luta pelo poder e luta de classe

Por Mário Sérgio de Melo

A luta pelo poder é herança dos instintos básicos de sobrevivência e domínio, que regem as espécies vivas. Os instintos básicos do Homo sapiens não são diferentes dos répteis ancestrais. Mas somos mais que répteis. Evoluímos deles, desenvolvemos o cérebro límbico emocional, o neocórtex racional e um incipiente cérebro amoroso e solidário. Mas não evoluímos o suficiente para que a resposta comportamental e social do cérebro reptiliano torne-se subordinada aos cérebros que nos distinguem como humanos. Ainda somos muito os répteis!

A luta pelo poder entre os seres humanos resulta dos instintos básicos do cérebro reptiliano. O empenho em dominar não é novidade, sempre existiu, desde a pré-história. A novidade são atributos dados pelo cérebro límbico e o neocórtex. Hoje nos juntamos em etnias, bandos, nacionalidades, crenças, convicções... que rivalizam ferozes entre si. E criamos armas poderosíssimas para as reptilianas guerras que promovemos.

A luta pelo poder confunde-se com luta pela posse. O engenho humano não propiciou só as armas de destruição em massa. Propiciou também formas de exploração dos recursos do planeta e do trabalho, de maneira que produzimos muita riqueza. Em consequência do instinto de dominação, o preço das riquezas produzidas é calamitoso: para o planeta depredado, para as massas de trabalhadores, exploradas e excluídas.

A consciência, a revolta e um crescente senso de solidariedade vêm alimentando sinceras revoluções: em Paris, na Rússia, na Nicarágua, na Venezuela... Todas elas bastante frustradas nos seus anseios originais. Parece o vulcão que periodicamente explode e então se acalma, para em seguida continuar a acumular a pressão até a próxima explosão. O instinto de dominação é inexorável; ou logra as massas revoltosas em renovados arranjos exploradores, ou desperta a ira de tiranos alhures, que logo intervêm para debelar ameaças de igualdade.

As revoluções movidas pela consciência de que existem exploradores e explorados ─ identificadas com os explorados e solidárias na busca por uma sociedade mais justa ─ são a luta de classe. Sua inspiração maior é a constatação das injustiças, e de que a Mãe Terra provê riquezas que, se compartilhadas, significariam o bem viver para toda a humanidade. A verdadeira luta de classe promove a inclusão dos excluídos. Uma tarefa desafiadora: a classe dominante dispõe de todos os recursos para defender seu domínio. Inclusive os meios de comunicação, que aperfeiçoam ativamente métodos de alienação, manipulação e doutrinação.

A Páscoa tem algo a ver com a luta de classe? Ora, a Páscoa não celebra a ressurreição daquele que foi crucificado por representar a luta contra os opressores e a favor da solidariedade entre os oprimidos? E Cristo personificou um desafio ainda maior: a revolta dos dominados através do amor, com paz.

Dois mil anos depois, se hoje Cristo estivesse de novo entre nós, seria de novo sacrificado. E antes, torturado na prisão de Guantánamo, como terrorista, ameaça ao sistema.

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG 

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