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A educação brasileira e Paulo Freire

Imagem ilustrativa da imagem A educação brasileira e Paulo Freire

Por Isonel Sandino Meneguzzo

                Não é de hoje que a educação é tema de debates. Parece ser unanimidade a questão que envolve a melhoria da qualidade da educação básica nas escolas públicas. Porém, os indicadores utilizados para demonstrar a qualidade na educação nacional, mascaram a realidade. O IDEB, por exemplo, leva em consideração o número de reprovações (ou seja, quanto menos se reprova, mais alta é a nota da escola). Também não é novidade que nossos estudantes podem reprovar em duas ou três disciplinas (de um total de oito) e, no final do ano são aprovados por conselho de classe.

                Diante deste breve cenário pode-se perguntar: Se o seu filho reprova em três disciplinas (quase 40% do total) ele está sendo realmente promovido à série subseqüente de forma justa ou está havendo aí uma enganação? Se o objetivo é aprender aspectos da realidade, adquirir conhecimentos e se desenvolver do ponto de vista cognitivo, é óbvio que sua ascensão à série posterior é uma enganação. Não podemos esquecer que nas séries iniciais não se reprova. Ou seja: sim, seu filho pode chegar ao 6º ano analfabeto.

                Acrescento elementos do último Censo da Educação, onde o mesmo retratou a dura realidade das escolas brasileiras: faltam livros, faltam bibliotecas, falta saneamento básico nas escolas, falta quase tudo.

                Mas agora o foco é outro: esqueçamos estes aspectos. A meta agora é extirpar Paulo Freire das escolas. Como se as ideias de Freire tivessem sido amplamente utilizadas nas escolas brasileiras. Se fossem, certamente a realidade de nossos educandos seria outra.

                Paulo Freire, além da contribuição do método de alfabetização de adultos, preconizava uma educação pautada na seriedade, na criticidade, na problematização e contextualização de assuntos atinentes à realidade dos alunos. Para exemplificar: O professor vai abordar o assunto 'relevo do Paraná' em sua aula de Geografia e pretende utilizar ideias de Paulo Freire em sua aula. Pois bem, este professor aborda o assunto em tela tratando das rochas que sustentam tal relevo, de sua origem e evolução, de como é a ocupação deste relevo pelos seres humanos, quais atividades econômicas existem, porque determinadas áreas não são ocupadas e as possíveis diretrizes de uso do relevo, relacionando-o com aspectos físicos e humanos. Há algum mal em tal abordagem?

                Mas, por incrível que pareça, na nossa educação isto é pouco desenvolvido. Majoritariamente, ainda temos uma educação tradicional, calcada na decoreba, onde nossos alunos não sabem o porque das coisas.

                Portanto, para quem nunca leu as obras de Paulo Freire, a ideia de extirpá-lo da educação é algo bizarro, pois se um dia suas ideias foram  empregadas isso ocorreu de forma pontual.

Isonel Sandino Meneguzzo é Professor do Departamento de Geociências da UEPG -

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