Debates
Um novo marco para o transporte de carga no Brasil
Da Redação | 19 de maio de 2018 - 02:59
Por Claude Domingues Padilha
O Brasil passou por significativas transformações em várias
esferas nas últimas décadas, sobretudo após o plano de estabilização econômica
implantado em meados dos anos 1990. Um dos setores de mercado que mais se
reinventou nesse período foi o de veículos, incluindo aqueles voltados ao
transporte rodoviário de carga, responsáveis pela movimentação de
aproximadamente 60% da matriz produtiva nacional.
A economia interna e o poder de compra dos brasileiros
recuperaram a dinâmica de crescimento do setor a partir da combinação de
diversos fatores, como estabilidade da moeda, oferta de crédito e investimentos
em infraestrutura, assim como privatizações e exportações de commodities, que
aceleraram a implantação de inovações tecnológicas nas áreas de implementos
rodoviários e suspensões dos veículos comerciais nos últimos 20 anos.
Por um lado, o crescimento exponencial do agronegócio e da
mineração – sobretudo com produtos de grande vocação exportadora, como o
complexo soja – demandou veículos de carga com maior produtividade, uma vez que
a já saturada infraestrutura rodoviária nacional não acompanhou essa evolução.
Por outro lado, os investidores da malha ferroviária brasileira
recém-privatizada apresentaram uma nova possibilidade tecnológica de atender a
crescente demanda por transporte de carga, por meio da maior integração entre
os modais.
As inovações tecnológicas avançaram a partir de 1998, com a
publicação da Resolução 68/98, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que
regulamentou uma nova combinação de veículo de carga (CVC) com a elevação do
Peso Bruto Total Combinado (PBTC), de 45 para 74 toneladas, sendo responsável
por transformar intensamente o tipo padrão de implementos rodoviários em
circulação no País, bem como suspensões utilizadas em veículos de carga.
Tal resolução provocou intensa renovação da frota brasileira
por equipamentos anteriormente proibidos e/ou inexistentes, como o bitrem e o
rodotrem. A partir de então, mudanças na legislação promoveram a criação de
novas CVCs, bem como a alteração de tais tecnologias, o que demandou
flexibilidade e agilidade para a implantação e a absorção das inovações
tecnológicas.
Hoje outras tendências podem gerar impactos tão
significativos como o visualizado a partir do final dos anos 1990. Uma delas é
a recente ampliação do PBTC para 91 toneladas no Brasil, já regulamentada pela
Resolução Contran 663/17, que deve representar um novo marco de alteração no
padrão de CVCs utilizadas por grande parte do mercado, sobretudo os
direcionados ao transporte de commodities minerais e agrícolas.
Com o incremento dos limites legais de carga ao longo das
décadas, acompanhado pela elevação da massa transportada, a indústria deve
estar atenta a trazer produtos e componentes amplamente testados, certificados
e dotados de rigoroso controle de uso. Assim, usuários poderão ampliar a
produtividade e obter reduções significativas de seus custos fixos, gerando
maior competitividade ao produto e ao transporte do País.
Esses e outros assuntos serão discutidos no 10º Colloquium
Internacional SAE BRASIL de Suspensões e Implementos Rodoviários & Mostra
de Engenharia, dias 23 e 24 de maio, no Hotel Intercity Premium, em Caxias do
Sul, RS. Especialistas e formadores de opinião no setor participarão de painéis
e apresentarão trabalhos técnicos, centrados em mostrar tendências que
contribuam para a inovação tecnológica do transporte rodoviário no País.
Claude Domingues Padilha é gerente de Marketing e Gestão de Rede da Randon S.A. Implementos e Participações e chairperson do 10º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Suspensões e Implementos Rodoviários & Mostra de Engenharia