Debates
Finados é dia de reflexão, de saudade e esperança
Da Redação | 02 de novembro de 2017 - 02:20
Por Gilmar Cardoso
“Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa
forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um
fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada
importa o lugar, desde que é feita com o coração." ("O Livro dos
Espíritos")
Nós, católicos, associamos o mês de novembro às almas do
Purgatório. O dia 2 é para todos nós um momento de sentir saudades. Para os que
creem, é um dia especial de esperança na vida eterna. A Igreja ensina que vivos
e defuntos são ligados em três diferentes níveis de vida: Igreja militante,
padecente e triunfante.
Você e eu, aqui na Terra, fazemos parte da Igreja militante.
A Igreja padecente, de que nos lembramos especialmente no
dia 2 de novembro, são as almas do purgatório. O purgatório é o estado dos que
morrem na amizade de Deus, mas, embora certos de sua salvação eterna, tem ainda
necessidade de purificação para entrar na bem-aventurança celeste"
(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, nº 210).
Podemos ajudar as almas do purgatório com orações, Missas e
boas obras, alcançando, assim, indulgências para elas. Indulgências é "a
remissão diante de Deus da pena temporal merecida pelos pecados" Compêndio
do Catecismo, nº 312).
A Igreja oferece indulgências pelos infinitos méritos de
Jesus Cristo.
A Igreja triunfante é o Céu. Os Santos vêem Deus face a
face. É o estado das pessoas totalmente felizes no Amor, com nenhum sinal de
ódio, inveja, orgulho, egoísmo, mentira, etc. Só Deus é Santo em sentido pleno.
Assim, a Bíblia diz: "Deus não nos chamou à impureza, mas à
santidade" (1Ts 4,7).
Nós Igreja Militante, padecente e triunfante, estamos todos
ligados. Pedimos a intercessão dos Santos e rezamos pelas almas do purgatório.
Eles, por sua vez, intercedem por nós.
Milhões de pessoas em todo país, nesta segunda, 2 de
novembro –Dia de Finados, irão reverenciar seus antepassados fazendo uma visita
aos cemitérios de milhares de cidade no Brasil. Já no século V, um dia do ano
era dedicado para rezar por todos os mortos. A igreja rezava por aqueles que
ninguém mais lembrava. Exatamente no século X, a Igreja Católica estabeleceu um
dia oficial para os mortos (Dia de Finados). Foi a partir do século XI, que os
papas Silvestre II, João XVII e Leão IX passaram a forçar a comunidade a dedicar
um dia aos mortos. Mas a morte é realmente o fim de tudo?
Muitas pessoas preferem não pensar na morte. Mas a realidade
da morte nos obriga a pensar nisso mais cedo ou mais tarde. A vida humana é
muito frágil. Todos os humanos, sem exceção, estão sujeitos à morte, e essa
realidade amedronta a muitos. Independentemente das crenças religiosas, a ideia
de que a morte é o fim absoluto da vida deixam as pessoas ansiosas e com medo,
a ciência aumenta esse medo ainda mais. Afinal, grande parte das funções do
corpo humano pode agora ser explicada em termos científicos. Com certeza nenhum
biólogo, físico ou químico encontrou dentro de nós alguma prova de que exista
uma entidade invisível capaz de sobreviver à morte do corpo físico. Assim,
muitos cientistas definem a morte humana como um simples processo biológico.
Mas nem todos pensam assim. A morte de um ente querido nosso
não significa o fim, pois eles permanecem em nossas memórias e corações
enquanto existirmos. Nós cristãos, em sua grande maioria, acreditamos na
ressurreição, e essa crença dá a esperança a bilhões de pessoas no planeta
Terra de que um dia irão encontrar seus pais, parentes e amigos e com eles
confraternizarem a vida. Independente de religião, esse dia serve para
refletirmos, “todos nós somos iguais perante a morte, sejamos ricos, pobres,
baixos, altos, gordos ou magros, etc.” E que hoje, também, não seja praticada a
hipocrisia que muitos demonstram, chorando no túmulo de parentes, que muitas
vezes não se gostavam ou que foram abandonados por esses. Esse dia é para
lembrarmo-nos de um provérbio chinês que diz: “Ao término do jogo,o rei e o
pião voltam para mesma caixa.” Pois como diz a Bíblia, “do pó vieste, ao pó
retornarás.” E que vivamos intensamente essa curta vida que se parece a uma peça
de teatro, que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva
plenamente antes que a cortina se feche, e a peça termine sem aplausos. Ó Meu
Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o
Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem!
* Gilmar Cardoso, advogado, poeta, membro do Centro de
Letras do Paraná e da Academia Mourãoense de Letras - AML