Debates
A defesa do direito ao brincar em todos os tempos e espaços da infância
Da Redação | 10 de outubro de 2017 - 02:34
Por Sheila Pomilho e Danielle de Bairro
Ao promover e defender o Direito ao Brincar na educação de
crianças, contribuímos para o fortalecimento das práticas pedagógicas
desenvolvidas por gestores e educadores brasileiros, e na qualificação das
políticas públicas para as infâncias. Estas práticas, apoiadas por legislações
e documentos oficiais, norteiam as ações em espaços destinados à educação e a
convivência familiar e comunitária.
Com este propósito, há projetos que ressaltam a importância
do brincar para o desenvolvimento infantil e a necessidade dessa experiência
lúdica como parte de uma educação de qualidade. Um deles é o Projeto Brincadiquê?
Pelo Direito ao Brincar, da Rede Marista de Solidariedade, que acaba
de lançar uma série de vídeos com o objetivo de trazer reflexões acerca do
Direito ao Brincar, considerando a ludicidade nos espaços internos e externos
das escolas, a cultura local e o envolvimento da comunidade educativa.
O material visa sensibilizar o olhar do educador, e dos
adultos de maneira geral, para este tema, tendo em vista a formação da criança
como sujeito de direitos. Essa premissa se baseia no artigo 13 da
“Convenção sobre os Direitos da Criança” (ONU, 1989), que defende o direito à
liberdade de expressão de todas as crianças, sendo o brincar sua linguagem
essencial, pela qual se expressam, manifestam seus desejos e interagem com o
mundo.
O documento “Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Infantil” (MEC, 2009), aponta as interações e brincadeiras como eixos
norteadores para a Educação Infantil. O adulto deve se envolver com o brincar
participando ativamente das atividades lúdicas, fazendo uso da escuta e do
olhar sensível para criar novas situações que despertem a interação das
crianças com os mais variados espaços.
O brincar não tem o papel de levar respostas para os
conteúdos, mas deve ser garantido como uma linguagem que provoca relações,
criações, desafios, lazer e experimentações. Trata-se, portanto, de uma
linguagem que propicia descobertas. Não é uma metodologia educativa pronta que
precisa ser seguida à risca, com um conteúdo a ser ministrado, mas que
possibilita experiências e incentiva o desenvolvimento na primeira infância. Ao
brincar, a criança vivencia as múltiplas linguagens humanas, entregando-se por
inteiro ao momento lúdico, vivendo sensações, emoções e conflitos, relacionando
o real com o imaginário, tornando-se um indivíduo que vive intensamente suas
descobertas.
As brincadeiras e os brinquedos revelam aos educadores como
as crianças brincam ao exercitarem os papeis dos adultos, trazendo consigo a
reprodução de sua função social. Isto é, as crianças imitam, produzem e se
apropriam das experiências que vivem no cotidiano da escola e dos espaços que
os recebe. Por isso é importante considerar a cultura local, gerando a relação
de pertencimento da criança com o espaço, com a comunidade e com seus pares.
Traz também a reflexão sobre a composição das brincadeiras e a produção lúdica,
utilizando elementos da natureza e materiais de largo alcance, de fácil
utilização e de baixo custo. Com isso, as brincadeiras nas escolas se revelam
também como linguagem social das crianças na produção da cultura infantil.
Sheila Pomilho e Danielle de Bairro são pedagogas da Rede
Marista de Solidariedade.