Debates
Dia da Árvore: o que podemos fazer para combater o desmatamento
Da Redação | 19 de setembro de 2017 - 02:20
Por Érica Pereira
No dia 21 de setembro, é comemorado o Dia da Árvore. Mais
que um motivo para celebração, a data é uma oportunidade para avaliarmos a
questão do desmatamento e como podemos agir para minimizar os impactos
ambientais ao longo dos próximos anos. Isso não quer dizer que algumas medidas
positivas não existam, mas, sim, que devem ser sempre replicadas.
Para entender melhor a importância dessas medidas positivas,
vale uma análise sobre a Amazônia Legal. Após cinco anos consecutivos de
crescimento, a área registrou uma expressiva queda de 21% no desmatamento,
entre agosto de 2016 e julho de 2017. A análise mostra que todos os estados
registraram redução, mas o Pará foi o que conseguiu um desempenho melhor:
obteve uma queda de 31% no número absoluto de quilômetros quadrados desmatados,
além de uma redução de 28,8% para 25% na proporção total da Amazônia Legal
afetada.
Ao avaliar os fatores que contribuíram para o desempenho
positivo do estado, identificamos que, além de investimentos em novas
tecnologias e ferramentas de gestão por parte do governo, o setor privado e a
sociedade também passaram a apostar mais em ações que estimulam a valorização
das florestas em pé.
Nesse sentido, podemos destacar o trabalho de empresas que
apostam em parcerias com comunidades de diferentes biomas do Brasil
(principalmente o amazônico) e que, por meio de treinamentos e capacitações,
ensinam que é possível extrair frutos e sementes da biodiversidade sem agredir
o meio ambiente – tudo isso com a geração de uma fonte de renda extra.
Esse é um modelo de negócios que pode ser replicado em
diferentes setores da economia, pois, atualmente, grande parte dos produtos
deriva, em algum grau, da transformação de matérias-primas originadas na
natureza. A proposta é que, por meio da conservação dos recursos naturais, o
país tenha condições de ampliar o valor do patrimônio genético e de contribuir
para desaceleração do aquecimento global.
Para exemplificar a eficiência dessa iniciativa, a Beraca
promoveu um estudo sobre o serviço ecossistêmico de regulação global em áreas
de extrativismo de andiroba, murumuru, açaí e pracaxi destinado às indústrias
de beleza, cuidados pessoais e farmacêutica. A análise identificou que foi
possível evitar a emissão de 1.400 ton CO² e ainda apoiar a regeneração de
2.350 hectares de floresta de um único fornecedor da matéria-prima, o que
equivale a R$ 180 mil em estoque de carbono gerado.
Além disso, outro estudo, realizado em parceria entre a
Beraca, a Universidade de São Paulo (USP) e a Columbia University, de Nova
York, concluiu que, em um município do Pará com histórico de atividade
madeireira ilegal, a cada R$ 1,5 investido no extrativismo sustentável, são
retirados R$ 3,6 da mão de obra de serrarias ilegais.
Diante desses números, é possível notar que começamos a
caminhar na direção correta, porém ainda temos que fazer muito para que o
desmatamento seja cada vez menor em nosso país. Ao replicar modelos positivos
de manutenção das florestas, transformamos as áreas verdes em uma perpétua
fonte de renda, capaz de contribuir com a saúde do planeta e restaurar a
dignidade das comunidades locais. O primeiro passo é enxergar que qualquer
espécie viva depende das árvores para garantir a sua sobrevivência.
* Érica Pereira atua na área de Sustentabilidade
da Beraca, líder global no fornecimento de ingredientes naturais provenientes
da biodiversidade brasileira para as indústrias de cosméticos, produtos
farmacêuticos e cuidados pessoais.