Debates
Brasileiros correm risco de ficar sem opção confiável para 2018
Da Redação | 13 de setembro de 2017 - 02:51
Por Luiz Carlos Borges da Silveira
A situação política do país é sem dúvida extremamente
preocupante, não apenas no presente como essencialmente para o futuro quanto a
mudanças e recuperação dos princípios básicos e dos valores perdidos nos
últimos tempos. As incertezas podem levar a escolhas equivocadas e a mais um
período desperdiçado na condução do Brasil a um sólido caminho para o desenvolvimento
geral.
Estamos a praticamente um ano da eleição presidencial. Que
perspectiva os brasileiros podem ter? Que liderança existe no cenário atual
capaz de devolver ao povo a esperança de novos tempos? Estão aí postos os
mesmos, sem renovação, todos desgastados, quando não envolvidos em escândalos.
São raríssimas as exceções e mesmo estas sem um grande e confiável programa de
restauração geral que fascine o eleitor.
Por tudo o que tem acontecido de negativo, vemos um quadro
de amplo desgaste dos políticos. Falta um líder de credibilidade e isso deixa o
eleitor desorientado e o povo revoltado. A eleição presidencial se aproxima e a
descrença aumenta. Para compreender a real gravidade da situação é suficiente
analisar as pesquisas eleitorais realizadas nos últimos meses, que trazem a
avaliação pública dos nomes que estão no cenário, prontos para disputar a
presidência da República. O grau de desaprovação, de rejeição eleitoral, é
altamente negativo.
Analisando alguns nomes isoladamente é importante considerar
o contexto individual. Um aspecto chama atenção, o fato de os caciques tucanos
estarem com desaprovação bem acima dos demais, notadamente do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, liderança maior do PT, que por sinal está em
explícita campanha não só em palavras como em atos e comícios recentes pelo
Norte e Nordeste. Segundo as pesquisas recentes, Lula é desaprovado por dois
terços da população, enquanto um terço o vê de forma favorável, o que leva
alguns analistas a considerar que em torno do ex-presidente ‘ainda há uma dose
de mito’.
No sentido de renovação, os tucanos até apareceram com um
nome politicamente novo – João Dória, atual prefeito de São Paulo. Todavia,
rapidamente Dória está revelando ser apenas ‘mais dos mesmos’. Deslumbrou-se
com a eleição e parece ter sido ‘picado pela mosca azul’. Em poucos meses à
frente de uma prefeitura de imensa importância política começou a pavimentar
possível candidatura presidencial, inclusive percorrendo alguns estados. Esse
posicionamento de Dória demonstra não somente afoiteza como também implícita
‘traição’ a Geraldo Alckmin, mentor de sua candidatura e sabidamente um dos
pré-candidatos do PSDB.
João Dória foi evidentemente recebido como uma esperança no
quadro atual por ser liderança nova, politicamente falando, somando-se a isso
certo carisma e bom marketing. Todavia, está ‘queimando o filme’,
principalmente no âmbito tucano, do qual pode vir a ser sutilmente alijado em
sua pretensão para o ano que vem. Lamentavelmente, é com um elenco desses, já
prévia e significativamente rejeitado, desaprovado pela população, que os
eleitores brasileiros terão de lidar na próxima eleição para presidente. As
opções serão niveladas por baixo, não haverá possibilidade de escolher o
melhor, a decisão acabará recaindo sobre o menos pior e o resultado disso será
quase que com certeza desastroso. A menos que em tão pouco tempo ocorra o
surgimento de um novo e adequado perfil, algo bastante improvável na política
brasileira.
Resumindo, as expectativas são preocupantes, as perspectivas
sombrias para o país. Essa situação coloca enorme responsabilidade sobre os
eleitores que terão de analisar muito bem os pretendentes à disputa
presidencial, pois o terreno político como se apresenta é propício ao
surgimento de aventureiros populistas, os quais ainda não são percebidos por
que, hoje, estão fora do radar eleitoral. Talvez o discurso antissistema se
transforme em uma vantagem eleitoral.
Há evidente necessidade, e as pesquisas deixam isso bem
claro, de reconstrução e renovação. Os brasileiros precisam estar realmente
preparados e prontos para isso. Por isso digo: pobre povo brasileiro se tiver
que escolher entre Lula, Bolsonaro, Marina, Dória...
Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal.