Debates
Voto consciente
Administrador | 29 de setembro de 2016 - 01:36
Por Dom João Inácio Müller
É ano de eleições. Vários candidatos a prefeito e vereador
estão de olho no seu voto, para serem eleitos e, assim, poderem, legitimamente,
governar seu município. O bom político sabe governar bem o município, e busca
gerir os rumos de uma cidade da melhor forma possível. Já uma pessoa
interesseira ou egoísta não saberá ser bom administrador do bem comum e da vida
de todos.
Os bispos do Brasil “convocam os leigos e leigas para serem
protagonistas antes, durante e depois do processo eleitoral, assumindo uma
democracia atuante. A Igreja conclama que é preciso estar atento às fontes de
arrecadação, bem como, à prestação de contas por parte dos candidatos”.
Ninguém pode abdicar da participação na política. Todavia
precisamos escolher e votar em candidatos honestos e competentes. O católico
que recebeu o dom de Deus para governar e cuidar do bem público não pode se
omitir.
Hoje, temos muitos políticos maus porque sempre foram
interesseiros e corruptos e, mesmo cientes disso, os elegemos, votamos mal. Por
outro lado, muitas pessoas boas acharam melhor não entrar na política. Como
lembra nosso Papa Francisco, a política é uma nobre forma de caridade: “devemos
envolver-nos na política, pois a política é uma das formas mais altas da
caridade, porque busca o bem comum. Se a política se tornou uma coisa suja,
isso se deve também ao fato de que os cristãos se envolveram na política sem
espírito evangélico”.
As eleições municipais são uma ocasião de fortalecimento da
democracia, que deve ser cada vez mais participativa. Nosso horizonte é sempre
a construção do bem comum. Digamos não à intolerância política. Nada de agredir
ou difamar a outra pessoa: nunca! É fundamental respeitar as diferenças e não
fazer delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em
violência.
Importante é conhecer os candidatos e as suas propostas de
trabalho e saber distinguir claramente as funções a que se candidatam. Dos
prefeitos espera-se conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados,
nas relações com os demais agentes políticos e poderes econômicos. Dos
vereadores se requer ação correta de fiscalização e legislação, que não passe
por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo.
A Igreja incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm
vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. No
discernimento dos melhores, levemos em conta o compromisso com a vida, com a
justiça, com a ética, com a transparência, com o fim da corrupção, além do
testemunho na comunidade de fé, que não deveriam abandonar, nem antes e nem
depois da Eleição.
A partir do Evangelho de Jesus, a Igreja convida os cristãos
a votarem em candidatos que se proponham a governar pelos pobres, e, a partir
destes, para todos. Só merece nosso voto quem já fez e está fazendo o bem para
a sua comunidade. Quem só promete não merece nosso voto.
Dom João Inácio Müller é bispo da Diocese de Lorena (SP) e
articulista da Revista Canção Nova