Política
Após gravações, Jucá pede licença do Governo Temer
Afonso Verner | 24 de maio de 2016 - 14:10
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), informou que
irá se licenciar do cargo a partir de hoje (24) até o Ministério Público
Federal (MPF) se manifestar sobre as denúncias contra ele. "Vamos aguardar a manifestação do
Ministério Público com toda a tranquilidade, porque estou consciente que não
cometi nenhuma irregularidade e muito menos qualquer ato contra a apuração da
Lava Jato, apoiei a Lava Jato", disse Romero.
"Enquanto o MP não se manifestar, aguardo fora do
ministério. Depois disso, caberá ao presidente Temer me reconvidar ou não, ele
vai discutir o que vai fazer", afirmou o senador licenciado. O jornal
Folha de São Paulo publicou ontem (23) uma reportagem que revela conversas
gravadas em março. Nesses diálogos, o atual ministro do Planejamento, Romero
Jucá, sugeriu ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, um pacto para
impedir o avanço da Operação Lava Jato sobre o PMDB, partido do ministro.
Jucá disse que iria protolocar um pedido na
Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o órgão avalie se há alguma
ilegalidade na gravação que comprometa a permanência dele no ministério. No
período da licença, Jucá reassumirá o mandato de senador e permanecerá na
presidência do PMDB. O Ministério do Planejamento ficará sob comando do
secretário-executivo Dyogo de Oliveira.
Romero Jucá disse que a decisão de se licenciar foi pessoal.
Segundo ele, o presidente interino Michel Temer deu um voto de confiança, mas
preferiu se licenciar para não ser usado "como massa de manobra". No
entanto, na opinião de alguns parlamentares a permanência de Jucá no primeiro escalão
do Governo Temer é insustentável – Romero já era citado na operação Lava Jato.
Antes mesmo de Jucá anunciar o afastamento, o deputado
federal Sandro Alex (PSD) já classificava a situação do ministro como “insustentável”.
Na visão do deputado, “a presença do Jucá no Governo ficou precária, ele deve
se retirar", ponderou Sandro. O deputado federal acredita que a Lava Jato
não será paralisada com o novo governo e, principalmente, deve continuar.
"Sempre preguei que todos que devem algo sejam investigados e saiam do
governo", disse Sandro.
O deputado federal Aliel Machado (Rede) também não perdeu
tempo em criticar o governo de Michel Temer (PMDB). Incentivador da cassação da
chapa Dilma-Temer via Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Aliel lembrou que
apenas novas eleições dariam legitimidade ao comando do Brasil. Aliel se
referiu a Jucá como "homem forte do Governo Temer" e salientou que o
ministro foi flagrado dizendo que o impeachment de Dilma "era necessário
para estancar a Lava Jato".
Ministro refuta
influência no Supremo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto
Barroso disse ontem (23) que não há possibilidade de um indivíduo influenciar
decisões da Corte. Barroso fez o comentário ao responder uma pergunta sobre as gravações
que mostram Romero Jucá sugerindo um pacto, que incluiria o Supremo, para
impedir o avanço da Operação Lava Jato. “As instituições despertaram e passaram
a funcionar melhor, de modo que é impensável nos dias de hoje supor que alguém
tenha individualmente a capacidade de paralisar as instituições ou pensar que
qualquer pessoa tenha acesso a um ministro do Supremo para parar determinado
julgo”, disse Barroso.