Mergulho angustiante | aRede
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Mergulho angustiante

Tiago Bubniak

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O argentino ‘O Clã’, do diretor Pablo Trapero, é dos mesmos produtores do estupendo ‘Relatos Selvagens’ (o nome de Pedro Almodóvar, inclusive, consta nos créditos). O mergulho na qualidade é semelhante. Mas esqueça, agora, o humor ácido visto lá no filme lançado no fim de 2014. ‘O Clã’ não tem nada de engraçado: é sombrio do início ao fim. E fica ainda mais pesado quando se recorda que foi baseado em fatos reais.

Trapero debruça-se sobre a família Puccio que, na década de 1980, ficou conhecida por arquitetar sequestros na Argentina e matar os reféns, mesmo mediante o pagamento de resgate. A história por si só é macabra, um ingrediente forte e de impacto para o cinema, uma arte que, quando bem elaborada, resulta em algo forte e de impacto. É o que acontece com essa mais nova obra do diretor.

Prevalência de cenas em ambientes internos, iluminação reduzida, câmera na mão e enquadramentos fechados colaboram para criar um clima altamente claustrofóbico, que remete ao cativeiro das vítimas dos Puccio. O próprio público sente-se preso, uma vez que é permanentemente lançado sem reservas em atmosfera sufocante. Complementam o rol de recursos angustiantes os gritos dos torturados, a frieza e crueldade do patriarca Arquímedes (muito bem interpretado por Guillermo Francella) e o fato de a câmera não desviar o olhar em momentos de violência extrema. Não resta dúvida de que espectadores mais sensíveis e desavisados sofrerão ao embarcarem nessa viagem densa. Há muita competência naquilo que é proposto.

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