Debates
Na pressão contra a reforma da previdência
Da Redação | 21 de dezembro de 2017 - 02:15

Por Emerson Barbosa
Os trabalhadores brasileiros conseguiram uma importante
vitória sobre o governo federal com relação à proposta de reforma da
previdência. Ao não conseguir os votos necessários para aprovar mais essa
retirada de direitos da população, Temer adiou para 19 de fevereiro sua próxima
tentativa.
Essa vitória, no entanto, não veio à toa. Apesar de uma
certa letargia no que diz respeito à grande maioria da população, os sindicatos
que apoiam a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Sindicato dos Técnicos e
Professores da UEPG (Sintespo) entre eles, lutaram muito e pressionaram os
deputados de todas as maneiras para que se posicionassem contra a reforma e a
favor do trabalhador.
Foram greves de fome, pressão aos deputados nos aeroportos,
paralisações, protestos, seminários, palestras e outros eventos em todo
território brasileiro, com a finalidade de explicar para todos o grande
retrocesso que significa a reforma. Além disso, a CUT elaborou o site “Na
pressão”, que pode ser acessado nesse endereço https://napressao.org.br/,
onde os internautas enviam mensagens de WhatsApp e e-mails para os
parlamentares exigindo a rejeição da proposta.
Pesa a favor dos trabalhadores o fato de 2018 ser ano de
eleições. Os deputados, mesmo os que apoiam o governo, não estão interessados
em manchar para sempre suas biografias aprovando, na prática, o fim da
possibilidade de aposentadoria para a maioria das pessoas, principalmente a
parcela mais pobre do povo.
E não há dúvida de que os sindicatos, como o Sintespo, farão
ampla divulgação dos nomes dos parlamentares que votarem a favor da reforma,
caso ela realmente venha a ser colocada para apreciação em plenário. Também não
há dúvida que se isso vier a acontecer, a reeleição de muitos deles estará
seriamente ameaçada.
Por outro lado, ainda há muita desinformação sobre essa
reforma e é importante que todos saibam como vão perder com essa medida.
Inicialmente, a idade mínima para se aposentar vai para 65 anos para homens e
62 anos para mulheres. Mesmo com a regra de transição, a grande maioria da
população que já faz planos para se aposentar, vai ter de esperar mais alguns
anos para isso.
Os servidores públicos precisarão de uma contribuição mínima
de 25 anos para conseguir o benefício parcial e 40 anos para ter a
aposentadoria integral. Hoje, os servidores públicos podem receber até o valor
integral de seu salário. Se aprovada a PEC, todos receberão apenas o teto do
INSS, que atualmente é de 5.531.
Fica clara também a ilegitimidade da reforma quando o
governo, por medo de perder apoio de alguns setores estratégicos, os poupa das
consequências drásticas da reforma. É o caso específico dos militares, que não
serão atingidos. Eles representam um terço dos servidores públicos e são
responsáveis por 44,8% do rombo de 72,5 bilhões de reais da previdência da
União, segundo levantamento do Jornal O Globo.
Por esses motivos, entendemos que não há possibilidade
alguma dos sindicatos apoiarem tamanho retrocesso. Nossa proposta continua a
mesma, se botar pra votar, o Brasil vai parar.