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Tarantino perde-se na própria vaidade

Tiago Bubniak

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Alguns diretores fazem tamanho sucesso e conquistam tantos seguidores que acabam criando em torno de si uma aura mística, digna de provocar a sensação de que sempre entregarão para as multidões obras excepcionais. Ilusão. Nem sempre esses grandes diretores, apesar de grandes, serão capazes de produzir filmes de tirar o fôlego. Essa reflexão cabe a Quentin Tarantino. E é motivada, mais especificamente, pelo lançamento de ‘Os Oito Odiados’, o oitavo componente de sua filmografia. Nesse faroeste, vê-se uma série de personagens que se encontram enquanto a criminosa Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) é levada para a execução na forca.

A sequência de abertura promete pela beleza dos enquadramentos, trilha sonora e o demorar-se da câmera sobre seu primeiro objeto de atenção. E a obra tem, é verdade, momentos memoráveis. A neve, constante, é quase transformada em personagem: graças a ela é que todos os envolvidos na história vão se encontrar num só local porque não podem seguir viagem. A reunião, obviamente, desembocará no aumento da tensão (mencionar isso nem de longe é spoiler: é algo que facilmente se espera em um filme de Tarantino). Outro destaque é a constante brincadeira entre o que é verdade ou não nas falas (muitas falas!). Que o diga uma história de violência sexual narrada por um dos personagens para enfurecer o outro. Ponto, também, para a atuação de Jennifer Jason Leigh.

No mais, a verborragia corre solta e, excetuando-se os momentos nos quais o roteiro brinca com a veracidade ou não dos relatos, conforme já mencionado, o que se vê é uma traição à convenção cinematográfica segundo a qual é melhor mostrar com imagens do que expor em palavras. Além disso, a violência, desta vez, soa gratuita em muitas cenas.

No geral, fica a impressão de que o diretor confiou demais nos recursos que lhe concederam fama de cineasta autoral e, agora, ultrapassou os limites. ‘Os Oito Odiados’ reverbera como um trabalho exagerado e cansativo por fundamentar-se em maneirismos do diretor.  Reverbera como uma estrela menor na constelação de Tarantino.

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