Filme alemão mostra quebra de silêncio sobre holocausto

‘Labirinto de Mentiras’ é a aposta alemã para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016. Apesar de toda fama e destaque, o Oscar é questionável em termos artísticos. Mas quando uma obra ganha o status de ser indicada para essa categoria, merece olhares mais atentos. É o que acontece com esse filme dirigido por Giulio Ricciarelli.

A trama enfoca o jovem promotor público Johann Radmann (Alexander Fehling) devotado a analisar os crimes nazistas cometidos no campo de concentração de Auschwitz anos depois de a Segunda Guerra Mundial ter acabado. Ao investigar e punir os soldados do próprio país, o promotor mexe com feridas abertas do passado de sua pátria.

Obviamente, essa atitude desperta resistência e compromete consideravelmente a serenidade do protagonista. Ele passa de advogado de pequenas infrações de trânsito a investigador de um dos maiores crimes da História. Em determinada cena, um dos personagens questiona Radmann se ele quer fazer com que todo jovem alemão fique se perguntando se o próprio pai foi ou não um assassino. A resposta é rápida e precisa: o que ele deseja é buscar a verdade. Afinal, toda a Alemanha de então mantinha o holocausto sob um manto de silêncio, mentiras e negação.

Apesar de contar com um protagonista fictício, a obra é baseada em fatos reais. E seu cerne está justamente no enfoque da mudança no tratamento dado ao assunto, que deixou de ser ignorado para ser enfrentado com a profundidade e relevância devidas.

Filmes sobre o holocausto existem muitos. Mas, desta vez, as atrocidades cometidas pelo nazismo não estão explícitas nas imagens: é das palavras que provém o horror. Além de movimentos de câmera precisos, iluminação cuidadosa e montagem e diálogos coesos, ‘Labirinto de Mentiras’ tem a qualidade de investir em uma temática importante, de impacto e que parece nunca esgotar-se.