Não há apenas um fator que explique a grande expansão imobiliária vivida por Ponta Grossa nesta última década. Embora a industrialização da cidade, em grande escala, possa ter sido um dos maiores impulsionadores, há uma série de circunstâncias e conjunturas que possibilitaram essa explosão, explicam especialistas do mercado imobiliário no município. Além do Programa Minha Casa, Minha Vida, que aqueceu todo o mercado em âmbito nacional, bem como, mais recentemente, a baixa na taxa básica de juros e as novas necessidades na pandemia, em Ponta Grossa há fatores como o crescimento econômico decorrente da industrialização, vinda de executivos de outras cidades e países, maior circulação de renda, mudança na legislação, transformação da cidade em polo educacional e de Ensino Superior, visão de imóvel como investimento rentável, a força e expansão do agronegócio regional, entre outros.
O marco inicial, não só no município, mas em todo país, a partir de 2009, foi o Minha Casa, Minha Vida, que causou uma explosão de investimentos para casas populares. As primeiras construtoras que vieram de outras cidades para Ponta Grossa, nesta época, foram justamente para atender a essa demanda, muito alta e suprida até 2015 – pelo menos no Faixa 1. Mas mesmo há mais de 10 anos, a cidade já despontava em âmbito econômico. A construtora PRM, de Curitiba, que resolveu investir em Ponta Grossa em 2010, justifica essa escolha. “Foi uma consequência da boa oportunidade que nos apareceu para construir um empreendimento do Minha Casa, Minha Vida, em virtude que a cidade apresentava um crescimento muito grande. A partir de estudos que fizemos, Ponta Grossa se destacou, e fomos uma das primeiras empresas a vir de fora”, informa o CEO, Pedro Maia. Mas a partir daqui, quando os maiores investimentos industriais passaram a operar ou estavam prestes a produzir, houve uma virada na chave. A Construtora Prestes, fundada em Castro, chegou a Ponta Grossa em 2013, quando lançou seu 1º empreendimento, o Vittace, ao ver que a cidade tinha mercado. E neste ‘boom’ se tornou uma das maiores construtoras que atua na cidade. O CEO da empresa, Breno Prestes, destaca o desenvolvimento da cidade na última década. “A cidade viveu um bom momento econômico pela vinda de indústrias, se remodelou, a arrecadação quase dobrou na gestão do Marcelo [Rangel] e isso mudou a dinâmica da cidade. A vinda de indústrias proporciona desenvolvimento, movimenta o ciclo da economia e abre oportunidades para habitação”. Lúcio Paulo Rogoski, representante regional do Sinduscon para Ponta Grossa e região, é outro exemplo. Sócio-proprietário da empresa FRCI Construção e Incorporação, ele atuava em São José dos Pinhais, mas o desenvolvimento da cidade despertou sua atenção. Então, em 2015, entrou em Ponta Grossa, onde atua nos segmentos de casas populares a médio padrão. “Vimos as oportunidades que existiam em Ponta Grossa. É claro que a região de Curitiba também tinha, mas vimos que aqui havia um vazio a ser ocupado. E não fomos os únicos: inúmeras empresas da região de Curitiba vieram pra cá”, explica. Outro exemplo é o de Ariel Tavares, fundador da Fácil Imóveis e Fácil Construtora, presidente da Associação Paranaense de Construtores (APC). Ele veio para Ponta Grossa há seis anos, para trabalhar em uma indústria, e já tinha na construção civil um ‘plano B’, por já construir casas na capital paranaense. Porém, resolveu focar na construção ao ver as oportunidades. “No interior do Paraná, Londrina e Maringá não tem espaço para crescimento com grandes residenciais populares - são as cidades da região metropolitana que estão crescendo. Mas Ponta Grossa ainda tem esse espaço”, diz. Desde então, afirma ter visto a cidade crescer neste período. “Nós atuamos sempre na construção de casas populares, mas agora estamos mudando, fazendo um padrão melhor, o médio padrão. Quando cheguei, não tinha esse perfil. Com empresas vindo de fora, expandindo, executivos vêm de grandes centros e têm outra mentalidade”, diz.