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DESAFIOS EXIGEM PREPARAÇÃO DA OAB-PG

Presidente aclamada da Subseção Ponta Grossa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PG), Rubia Carla Goedert já acumula experiência de gestão da instituição. Entre agosto de 2017 e dezembro de 2018, ela foi a presidente em exercício da Subseção após o afastamento do titular, Edmilson Schiebelbein. Em 40 anos de história da OAB-PG, ela se torna a primeira mulher a ser eleita para presidir o órgão. Ela avalia a gestão anterior da Ordem e comenta como a instituição se prepara para auxiliar os advogados a se adaptarem e superarem os novos desafios da profissão impostos pelas mudanças na sociedade e pelas inovações tecnológicas.

Quais foram os principais avanços da atual gestão da OAB-PG, tanto no período do Edmilson Schiebelbein quanto no seu período como presidente em exercício?

RUBIA: Nós trabalhamos todo esse período buscando melhorias para os advogados, não só em Ponta Grossa, mas de toda a região, que precisam do auxílio da OAB. Hoje, a Subseção conta uma sala específica, um escritório compartilhado, para que os advogados usufruam deste espaço. Como em qualquer profissão, para você montar um escritório não é barato, principalmente em início de carreira. Temos toda a estrutura com sala de reunião e computador, o advogado marca um horário com a secretária e ele atende seu cliente lá. Essa era uma das preocupações que nós tínhamos para acomodar esse advogado iniciante que não tem a estrutura necessária para trabalhar. Ele não tinha onde atender seu cliente, um computador com impressora, e lá nós temos tudo isso. Nesse período também fizemos a reforma de todo o prédio, conseguimos trocar nosso telhado, trocamos os móveis, equipamentos de informática e a fizemos reforma do espaço de convivência.

A senhora se tornou a primeira mulher eleita presidente da OAB-PG em 40 anos de existência da instituição. Qual a importância deste marco histórico?

RUBIA: O fato de ser a primeira mulher faz com que eu possa, de certa forma, representar as mulheres e refutar essa ideia que se tinha de que a mulher não é capaz e não está preparada para assumir um cargo como é a presidência da OAB. Eu quero ser a primeira de muitas que virão, tanto que quando montamos nossa chapa, eu fiz questão que tenha mais mulheres no nosso Conselho. A nossa diretoria é formada por cinco pessoas, três delas mulheres. Eu quero trazer a mulher cada vez mais para dentro da OAB, é muito gratificante fazer parte da história de uma subseção tão especial quanto é a de Ponta Grossa e poder representar nesse momento todos os advogados da cidade. Esse compromisso que tenho enquanto chapa única e mulher, só vem com que eu queria me dedicar mais a isso.

Quais serão as prioridades da OAB a partir do próximo ano?

RUBIA: No dia a dia, o que nós percebemos é a questão do respeito às prerrogativas do advogado, ele tem que ter a liberdade de atuar e não pode ser desrespeitado por ninguém. Existem algumas limitações que estão sendo impostas que nós vamos precisar ajustar em respeito à dignidade do advogado, do profissional do Direito. Essa preocupação com as prerrogativas e com o exercício da profissão já vinha na nossa gestão anterior e irá ficar mais evidente agora. Além disso, vamos combater os muitos profissionais que existem em Ponta Grossa se passando por advogados. No ano passado, efetuamos a prisão de uma senhora que, se passando por advogado, pegou o dinheiro de várias pessoas. É claro que o problema é também com a classe de advogados, mas também para a sociedade. Nós temos algumas denúncias, e pedimos o apoio da sociedade e dos profissionais para que continuem fazendo as denúncias. Essas pessoas, além de estarem restringindo e retirando o trabalho de advogados, também causam prejuízo e lesam muitas pessoas. O mercado está complicado, mas isso não quer dizer que nós devemos desrespeitar a ética profissional. Outra coisa que nós vamos combater é a banalização dos honorários. Existem empresas que oferecem R$ 30, R$ 50 para o advogado fazer uma audiência. Não se estuda cinco anos para se formar e fazer uma faculdade de qualidade para depois fazer uma audiência por esse valor. Por fim, como temos muito advogados iniciantes, continuamos com a preocupação de proporcionar a eles maior contato e proximidade com a OAB. Digo iniciantes, mas falo também aos advogados em geral, porque nós precisamos estar próximos ao profissional para desmistificar essa questão de que a OAB é um órgão muito formal. A OAB é o órgão que representa todos os advogados, e eu convido todos a participarem. Nós atualmente temos 37 comissões temáticas, vamos montar uma sobre Direito Sistêmico, outra sobre Direito Agrário e Agronegócio, e fizemos recentemente uma sobre Compliance.

Como a tecnologia e as mudanças que elas trouxeram com a sociedade afetam o exercício da advocacia?

RUBIA: Hoje nós não temos mais o processo físico, são todos processos digitais. Isso facilita porque nós temos como ’manusear’ um processo de maneira mais rápida e mais fácil pelo computador. Nós fazemos questão que nossos funcionários da OAB saibam como operacionalizar os sites principais usados pelos advogados, que são os dos tribunais. Eles conseguem auxiliar o advogado se ele tem dúvida ou não sabe como fazer determinado procedimento nestes sistemas.

Em que medida essas transformações afetam também a atuação da Ordem dos Advogados do Brasil, no que se refere por exemplo à mediação de conflitos?

RUBIA: Qualquer coisa que aconteça, o cliente acha que deve levar ao juiz para ele resolver, sendo que muitas vezes é possível resolver entre as partes com um mediador. Isso é um avanço que vem com a própria lei, com o Código de Processo Civil, está trazendo essa discussão como um avanço da sociedade. Durante todo o ano, oferecemos cursos de capacitação para os advogados. Essa visão do litígio, da briga, que tudo tem que levar para o tribunal, isso precisa ser revisto, precisamos entender que nós podemos evitar um conflito, fazer uma advocacia preventiva.

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