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Papel do Sindicato frente às mudanças no Ensino Médio

Esther Cristina Pereira, presidente do Sinepe/PR.

OSindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR) representa mais de 2,3 mil instituições de ensino privado, desde a educação infantil até o ensino superior, passando por academias, cursos livres e escolas de idiomas.

Além da matriz em Curitiba e da sede no Litoral, são cinco filiais do sindicato pelo interior do Estado. Liderando a instituição está Esther Cristina Pereira, diretora eleita para o biênio 2016-2018. Em um ano de grandes mudanças no setor educacional, principalmente em relação ao Ensino Médio, o sindicato teve um papel importante na discussão do tema junto aos filiados paranaenses.

O Brasil discutiu recentemente algumas mudanças no Ensino Médio. De que forma o Sinepe/PR vê este tema?

Esther Cristina Pereira: Quanto ao Ensino Médio, entendemos que a reformulação dessa etapa da Educação Básica era urgente e necessária. Mas, exige um exercício aprofundado de estudo, discussão e análise, após a aprovação da Base Nacional Comum Curricular [BNCC] para o Ensino Médio. Algumas questões como: a carga horária para a BNCC e os itinerários formativos, a ampliação progressiva da carga horária geral para essa etapa de ensino, a organização dos itinerários formativos e como as instituições deverão propor essa nova estrutura. São questões que ainda não estão definidas uma vez que só após a aprovação da BNCC os Sistemas de Ensino irão deliberar para seus Estados.

Entendemos que os componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática como basilares em um currículo nacional foram necessariamente contemplados.

Consideramos que a proposta de flexibilização e diversificação é positiva, a organização em duas partes, sendo a primeira constituída da Base Nacional Comum Curricular e a segunda dedicada aos 5 (cinco) itinerários formativos, são pertinentes: Linguagens, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Formação Técnica e Profissional com uma escolha feita pelo aluno, a partir de seus interesses e da oferta da instituição de ensino.

Como a entidade trabalhou o assunto junto a professores, educadores e profissionais filiados ao sindicato?

Esther: O Sindicato promoveu grupo de estudos, palestras, inclusive com a Professora Maria Inês Fini, Presidente do INEP, participação em vídeo conferências, e produziu artigos para que todos pudessem compreender melhor esse novo formato para o Ensino Médio. As perguntas e respostas disponibilizadas pelo MEC foram divulgadas e comentadas.

Quais são as expectativas do Sinepe/PR com a implantação deste novo modelo de Ensino Médio?

Esther: O atual modelo para o Ensino Médio estava falido e num limbo que não preparava o estudante nem para o mundo do trabalho nem para a vida nem para a Educação Superior. Basta constatar o número de estudantes que desistem de seus cursos e nem trabalham nem estudam. O excesso de conteúdo e o descompasso com o real interesse das diferentes juventudes tornaram o Ensino Médio, última etapa da Educação Básica, um período de 03 (três anos) sem objetivo claro e desinteressante para os estudantes. Vemos esse novo modelo como uma grande esperança para nossas diferentes culturas juvenis.

O Sinepe/PR também acredita que outros níveis de Ensino, como o Infantil e o Fundamental, por exemplo, necessitam de mudanças semelhantes? Esther: Podemos concluir que sim. Esta reforma exige uma ação transformadora, também, no Ensino Fundamental II. Há de se observar que países com elevados índices de aprovação em avaliações nacionais e internacionais, concluíram que as mudanças no Ensino Médio implicam alteração na estrutura da etapa anterior. Uma vez que o Ensino Médio encerra o ciclo da Educação Básica, não pode estar em descompasso, comprometendo a linearidade da Educação. Como a proposta prevê o protagonismo do estudante na escolha dos itinerários formativos, ressaltamos a importância de que o trabalho de orientação vocacional inicie no Ensino Fundamental II.

A BNCC prevê uma linearidade em toda a Educação Básica, iniciando-se na Educação Infantil. A passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental I deve seguir sem rupturas, assim como deste para o Ensino Fundamental II.

A base curricular devem levar o estudante a decidir sobre a profissão no futuro ou devem auxiliar como uma forma de aprendizado para a vida?

Esther: Ambos. A abordagem das diferentes culturas juvenis nas “... condições sócio-histórico-cultural, sujeitos que devem ser considerados em suas múltiplas dimensões” deve ter um fio condutor desde o início da Educação Básica culminando no Ensino Médio com um encaminhamento seguro para os itinerários formativos.

Com relação a BNCC, destacamos, ainda, que conciliar um projeto formativo deve garantir a todos os sistemas de ensino normas sobre como fazer, já que não adianta dar visibilidade à proposta sem tratar da sua aplicabilidade. Outro ponto fundamental é o comprometimento e a atuação dos órgãos superiores da área da educação no acompanhamento da implementação da Base Nacional Comum Curricular, nos Cursos de Licenciatura, orientando e atuando para que os percalços sejam ultrapassados, até que essa seja consolidada. Caso contrário, teremos uma BNCC com tendência ao fracasso.

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