Editorial
Os números da PRF e a realidade cruel das rodovias
Da Redação | 18 de julho de 2025 - 01:16

Os registros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que, no Paraná, 302 pessoas morreram em sinistros de trânsito, números 8,2% maior do que o primeiro semestre de 2024, quando 279 pessoas faleceram. A alta nas mortes é puxada, principalmente, por dois tipos de acidentes: as colisões laterais no mesmo sentido e as colisões traseiras, com aumentos de 120% e 47,6%, respectivamente.
A Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Ponta Grossa, apresentou, ontem (17), o balanço dos sinistros de trânsito registrados no primeiro semestre de 2025. Os dados analisados revelam um cenário de complexidade nas rodovias federais sob sua circunscrição, que se estende por 536 km e abrange doze municípios. Foram 382 acidentes (116 considerados graves), com 41 mortos e 383 feridos.
Esses são dados que reforçam tanto o contexto desafiador da malha viária do país quanto questões relacionadas ao comportamento de motoristas que precisam ser trabalhadas para uma cultura de preservação da vida e redução de acidentes nas estradas. Para reverter essa tendência preocupante é essencial a adoção de medidas robustas e abrangentes em um esforço conjunto do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil.
Como parte da estratégia de enfrentamento à violência no trânsito, a PRF intensificou suas ações de fiscalização nas rodovias paranaenses. Foram realizadas abordagens para verificação das condições de veículos e condutores, uso de radares para coibir abusos de velocidade e reforço no combate às ultrapassagens indevidas, além de outras condutas perigosas. Ao longo do primeiro semestre, foram registradas 6.534 infrações por ultrapassagens proibidas — média de uma a cada 40 minutos —, refletindo um cenário preocupante de desrespeito às normas de trânsito. Já as fiscalizações com radares de velocidade resultaram em 281.210 flagrantes, representando, em média, uma infração a cada 56 segundos.
A perda de vidas é a face mais dramática do problema. Mas há também um custo social (ferimentos, invalidez). E mesmo um custo financeiro. A remoção dos veículos (e, eventualmente, das vítimas), a internação em hospitais, o prejuízo de produção em razão dos dias parados (ou a perda permanente, nos casos de óbito ou invalidez), o conserto dos veículos, os danos às cargas – tudo isso prejudica a economia. O prejuízo é de R$ 50 bilhões por ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para reduzir esses danos e garantir uma mobilidade segura é preciso, primeiro, entender quais são suas causas.
E, detectando a raiz dos problemas, procurar soluções para melhorar a segurança no trânsito.