Editorial
E as mudanças?
Da Redação | 28 de março de 2019 - 02:24
Já são quase 100 dias de governo e até o momento a equipe
comandada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) pouco fez. A avaliação do
próprio eleitor que o levou a ocupar o cargo público mais importante do país. O
falatório foi grande e as polêmicas foram maiores ainda. De concreto nada
ocorreu. A proposta da reforma da Previdência patina no Congresso, o dólar
demonstra força e a Bolsa de Valores mostra-se com fragilidade costumeira. Tem
desemprego, o poder de compra é baixo, os índices de violência são altos e
antigos problemas ressurgem. A sociedade cobra uma resposta.
São polêmicas e mais polêmicas. Recentemente, o porta-voz da
Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou que o presidente Jair
Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa que faça as "comemorações
devidas" pelos 55 anos do golpe que deu início a uma ditadura militar no
país. Quem não lembra da ‘época de chumbo’?
O golpe militar que depôs o então presidente João
Goulart ocorreu em 31 de março de 1964. Após o ato, iniciou-se uma
ditadura que durou 21 anos. No período, não houve eleição direta para
presidente. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados
e houve censura à imprensa.
Houve reação em diferentes setores da sociedade. Para os
defensores públicos federais, que atuam na garantia dos direitos humanos, a decisão
do Governo é um estimulo grave ao ódio e à tortura. Celebrar a data é ignorar a
dor de dezenas de brasileiros, é retroceder aos direitos conquistados sob a
morte daqueles que lutaram por um País livre, entre eles índios, sindicalistas
e líderes rurais e religiosos, desaparecidos e assassinados durante o triste
período da ditadura militar.
O Brasil precisa caminhar. Os problemas existentes sugerem
mais trabalho e menos manifestações nas redes sociais.