Editorial
Promessa cumprida. E agora?
Para que as tragédias anunciadas sejam evitadas, é preciso contar com o bom senso e com a bondade do possuidor da arma - o que nem sempre será possível.
Da Redação | 15 de janeiro de 2019 - 00:59
Principal mote da campanha do presidente Jair Bolsonaro, a
posse de armas foi flexibilizada a partir da assinatura do decreto pelo líder
do Executivo. A partir de agora, qualquer cidadão com mais de 25 anos pode
adquirir até quatro armas de fogo, seguindo alguns critérios como não ter
antecedentes criminais e ser aprovado em exame psicológico. O porte das armas,
no entanto, continua proibido. Portanto, é permitido ao cidadão possuir armas
em casa, mas continua sendo crime andar com elas nas ruas.
Ainda existem algumas questões legais a serem decididas. A medida
provisória que regulamenta o comércio de armas ainda precisa ser editado, o que
deve ser feito até o fim desse mês. A ideia da decisão é atender ao clamor
popular, segundo o presidente, de permitir que as pessoas possam se defender em
casos de invasão de domicílio. Este é um ponto a ser levado em consideração,
tendo em vista os altos índices de violência e de crimes contra o patrimônio.
Por outro lado, não há como desconsiderar que é grande a chance de vermos crimes banais sendo cometidos, como discussões familiares ou entre vizinhos, e um possível aumento no número de crimes passionais. O volume de acidentes envolvendo as armas de fogo também pode crescer a partir do momento em que a venda seja efetivada. Para que essas tragédias anunciadas sejam evitadas, é preciso contar com o bom senso e com a bondade do possuidor da arma - o que nem sempre será possível.
A questão é que, mesmo com a flexibilização da posse de
armas, ainda é preciso sim um controle rígido de quem vai adquirir esta
ferramenta, de como será feito o comércio e quem estará habilitado a vendê-las.
Não pode haver ‘jeitinho’, não pode haver exceção. Para a segurança do cidadão.