Dinheiro
Frísia comemora 95 anos com olhar para o futuro
Fernando Rogala | 01 de agosto de 2020 - 01:26
Neste sábado (1º), dia do aniversário de 95 anos, será realizada uma live que
contará mais sobre a história; com faturamento de R$ 2,9 bilhões, atua nos
estados do Paraná e Tocantins
No dia 1º de agosto, a Frísia Cooperativa Agroindustrial
comemora suas conquistas com o olhar no futuro, principalmente na geração de
valor e tecnologia. São 95 anos de inovação, se reinventando constantemente,
mas sem deixar de lado sua essência. Neste sábado, a cooperativa realiza às
19h, em seu canal do YouTube, uma live que contará mais sobre sua história.
O diretor-presidente do Conselho de Administração da Frísia
Cooperativa Agroindustrial, Renato Greidanus, afirma que a cooperativa tem uma
história muito rica. “No início, os presidentes que começaram a cooperativa
tiveram muita dificuldade, mas com muita luta e trabalho conseguiram levar a
cooperativa adiante. Sabemos que, para conduzir a Frísia nesses 95 anos,
precisamos de um plano estratégico muito forte, que foi sempre pautado no
compromisso, na ética e no trabalho. Temos até hoje o tripé que nos move sempre
à frente que é a educação, a fé e o cooperativismo. E isso fez com que nós
chegássemos aos 95 anos e continuássemos construindo essa história”.
A Frísia é a cooperativa de produção mais antiga do Paraná,
Estado que, ao todo, tem 216 entidades do sistema. No Brasil, é a segunda em
existência. Em 2019, alcançou R$ 2,9 bilhões em faturamento, com 857 cooperados
localizados em mais de 30 municípios na região Centro-Sul do Paraná e 16
municípios no Tocantins. Suas conquistas têm como base os valores Fidelidade,
Responsabilidade, Intercooperação, Sustentabilidade, Integridade e Atitude
(FRÍSIA).
Tradição
A história da cooperativa se funde à chegada das primeiras
famílias holandesas que se estabeleceram na região paranaense dos Campos
Gerais. Em 1925, 14 anos após o início do movimento de imigração, esses
pioneiros desenvolveram o que pode ser considerada a primeira forma de inovação
e empreendedorismo (de gestão e produção), ou seja, a iniciativa em criar uma
cooperativa.
Na ocasião, sete sócios e uma produção leiteira de 700
litros/dia produziam manteiga e queijo que eram comercializados em Ponta
Grossa, Castro, Curitiba e, posteriormente, em São Paulo. Foi a união de quatro
fabriquetas que originou a Sociedade Cooperativa Hollandeza de Lacticínios. Em
1928, essa sociedade deu origem à marca Batavo, que, em 1954, foi incorporada à
Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda. (CCLPL).
Em agosto de 2015, nos seus 90 anos, a Batavo Cooperativa
Agroindustrial decide mudar sua denominação social para Frísia Cooperativa
Agroindustrial, desvinculando-se do antigo nome em virtude de sua venda para o
mercado varejista nos segmentos de carnes e lácteos. Sua história e essência
permanecem as mesmas, bem como as estruturas, colaboradores e famílias de
associados.
Inovação
Em 2019, a produção de leite da cooperativa alcançou 253
milhões de litros. Somadas a isso estão as 27.120 toneladas de carne suína;
área cultivada de milho de 23.077 hectares na safra 18/19; 121.701 hectares de
soja; 5.609 hectares de feijão; e 36.575 hectares de trigo.
A produtividade da Frísia, pela média das últimas três
safras, de soja, milho e trigo é superior à do Paraná e do Núcleo Regional de
Ponta Grossa (que engloba 18 municípios dos Campos Gerais). Já a unidade em
Paraíso do Tocantins, também em 2019, cresceu 22% em recepção de grãos, com um
total de mais de 70 mil toneladas entre soja e milho. No Tocantins, atualmente
são 30 mil hectares cultivados por 64 cooperados.
Esses números só foram conquistados com planejamento e
atitude da cooperativa ao longo dos anos. Cada passo dado foi previamente
pensado, analisado, reunindo o que se tinha de melhor. A inovação se deu em
várias frentes, como: desenvolvimento de um Planejamento Estratégico; análise e
aplicação da melhor genética da bovinocultura leiteira; seleção e
comercialização de sementes, com alto nível de germinação e adaptabilidade às
regiões produtoras; produção de uma ração balanceadas e de qualidade;
rastreabilidade de toda a cadeia suinícola, respeitando o bem-estar animal;
equipes técnicas de alto nível; ser mantenedora da Fundação ABC, entidade
referência em pesquisa e desenvolvimento da produção agrícola, fundada em 1984;
e incentivo e investimento constante com foco na gestão das propriedades dos
cooperados.
A inovação sempre buscada pela Frísia é reforçada com
movimentos e caminhos que podem ser seguidos pelos associados e colaboradores.
Mais recentemente, a cooperativa deu um salto representativo: o lançamento da
Plataforma Digital Agro. A marca Digital Agro surgiu há quatro anos inicialmente
com a feira. Nela, o que há de mais tecnológico, inovador e aplicável no
agronegócio, digitalmente, é apresentado ao público, aproximando ainda mais o
produtor das novidades. Em 2021, a feira acontecerá pela primeira vez fora de
Carambeí, agora em Curitiba, chegando ainda mais próximo do consumidor final. A
feira ocorrerá entre 13 e 15 de julho.
A plataforma ainda conta com outros três setores que
impulsionam a busca por soluções de alto nível, gerando conexão entre uma série
de movimentos. Sendo eles: o Digital Agro News, um site de notícias que levanta
temas e apresenta soluções para os desafios do campo; o Digital Agro
Connection, que seleciona startups para apresentarem respostas às demandas e
sugestões de melhorias dos processos; e o Digital Agro Ideas, que reúne
sugestões e ideias de colaboradores, cooperados, fornecedores e clientes.
A ExpoFrísia é outra marca da cooperativa. A feira reúne
criadores e animais com alto padrão genético, reprodutivo e produtivo.
Localizada no Parque de Exposições Frísia, em Carambeí (PR), sede da
cooperativa, conta com julgamentos de animais, exposição de tecnologias para o
segmento e a apresentação do Catálogo de Touros da Intercooperação, que aponta
sugestões dos melhores animais. Esse evento promove a mesma evolução genética
buscada historicamente pelos cooperados, assim como na década de 1940, que, com
a chegada de novos imigrantes, realizou, entre outros processos, o
aprimoramento genético na atividade pecuária. Na ocasião, houve a chegada dos
primeiros gados puros da raça holandesa.
O diretor-presidente da Frísia destaca a importância do
cooperativismo e das novas gerações para continuar esse trabalho. “Muito se
fala hoje sobre a agricultura 4.0, mas também pensamos como será o
cooperativismo 4.0. É algo que a gente precisa ter em mente, com novas gerações
chegando, nossos filhos e nossos netos, que vêm com demandas e interesses
diferentes, e enxergam o mundo de forma diferente do que a gente enxerga. Essa
digitalização vai ser mais utilizada nas estruturas das cooperativas, de uma
forma ou de outra, ou seja, na forma de você se conectar aos seus cooperados.
Como a gente mantém esses laços com os nossos cooperados? Isso é um desafio
para nós como cooperativa, é um desafio para as novas gerações. Manter a essência
do sistema, de que nós não podemos nos distanciar. Precisamos nos manter
próximos e pensar de forma conjunta”.
Cooperação
A base da Frísia é o cooperativismo. O trabalho, a união das
forças e o compartilhamento dos resultados impulsiona a cooperativa a se tornar
uma das maiores do Brasil. Ao longo dos anos, a Frísia produziu marcas próprias
e do sistema de intercooperação Unium (que engloba cooperativas coirmãs também
de origem holandesa). As marcas próprias são a Sementes Batavo, a Rações
Batavo, a plataforma Digital Agro, a feira ExpoFrísia, a plataforma SuperCampo
e o TRR Frísia, este voltado à comercialização de combustível. Como marcas da
Unium estão as voltadas ao Moinho de Trigo (farinhas Herança Holandesa e
Precisa), a Unidade Industrial de Carnes (da marca Alegra), das Unidades de
Beneficiamento de Leite (com as marcas Colônia Holandesa, Naturalle e Colaso) e
Energik (usina de bioenergia).
“Nós construímos esse legado buscando uma intercooperação,
aonde a gente conseguiu retornar à agroindustrialização, tanto nas plantas de
leite quanto na suinocultura; temos ainda o Moinho de Trigo, além de semente e
rações. Temos várias unidades de negócio que dão suporte não apenas a nós
cooperados, mas também ajudam a cooperativa a continuar a crescer. Isso é
extremamente importante e estratégico para nós darmos vazão à nossa produção e
também conseguirmos agregar valor a ela”, explica Greidanus.
A Frísia e seus associados carregam as premissas do
cooperativismo em todas as ações. É o que acontece nesse período de pandemia da
Covid-19, que reduziu fortemente a renda das famílias, sobrecarregou unidades e
profissionais da saúde e impactou a economia do País.
Desde o início do isolamento social foram feitas doações
para o poder público e entidades sociais no Paraná e no Tocantins, envolvendo
máscaras respiradoras, equipamentos de proteção individual (EPI), material para
entubamento de pacientes, álcool líquido e em gel, várias toneladas de
alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social e caminhoneiros,
entre outros produtos. Além disso, mulheres cooperativistas confeccionaram
milhares de máscaras, item que se tornou fundamental para o combate à
propagação da doença.
Ao longo dessas décadas, a cooperativa conquistou diversos
prêmios, seja pelas boas práticas e produtividade ou mesmo pela sua história.
Mas dois deles representam a cooperação de todos por um resultado de qualidade
para a sociedade e o meio ambiente. Em 2019, a Frísia conquistou o Selo Sesi
ODS com o programa Coleta Legal (de recolhimento e correta destinação de
embalagens de defensivos), que contribuiu para o alcance dos objetivos e metas
da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), para o Desenvolvimento
Sustentável. Também ano passado a cooperativa foi premiada como Embaixadora da
América Latina do Prêmio Mundo de Respeito, reconhecimento que aponta aquelas
instituições que promovem cuidados e projetos em boas práticas agrícolas, meio
ambiente, sustentabilidade e comunidade.
A Frísia chega aos 95 anos sem esquecer todo o caminho que a
levou ao patamar atual, valorizando o trabalho e dedicação dos associados,
colaboradores e familiares, mas com foco no futuro para continuar se
reinventando e produzindo mais e melhor. “A cooperativa é uma sociedade de
pessoas para pessoas. Sempre, dentro do modelo cooperativista, vamos ter
pessoas envolvidas. Sejam nossos colaboradores, sejam nossos cooperados, seus
familiares e toda a sociedade que está a nossa volta. Isso é o que nós sempre
trabalhamos e continuará sendo a essência da cooperativa”, conclui Greidanus.