Dinheiro
Taxa Selic fica abaixo de 7% ao ano pela 1ª vez na história
Pela 11ª vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da economia, a 6,75%
Fernando Rogala | 08 de fevereiro de 2018 - 00:31
Pela 11ª vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros
básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom)
reduziu hoje (7) a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 7% ao ano para 6,75%
ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.
Com a redução de hoje, a Selic continua no menor nível desde
o início da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a
abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada
gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o
Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a
7% ao ano em dezembro do ano passado, o nível mais baixo até então.
Em nota, o Copom indicou que parará de cortar os juros na
próxima reunião, no fim de março, caso as condições econômicas não mudem. O BC,
no entanto, informou que a Selic poderá ser reduzida novamente caso o Congresso
aprove as reformas estruturais, e a economia continue a crescer, com inflação
sob controle e sem choques internacionais.
“Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua
conforme esperado, o comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção
do processo de flexibilização monetária. Essa visão para a próxima reunião pode
se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja
mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”, destaca o
comunicado do Copom.
Apesar do corte de hoje, o Banco Central está afrouxando
menos a política monetária. De abril a setembro, o Copom havia reduzido a Selic
em 1 ponto percentual. O ritmo de corte caiu para 0,75 ponto em outubro, 0,5
ponto em dezembro e 0,25 ponto na reunião de hoje.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para
manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o IPCA fechou 2017 em 2,95%, levemente abaixo do piso da
meta de inflação, que é de 3%. O IPCA de janeiro será divulgado amanhã (8).
Até 2016, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia
meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar
a 6,5%. Para 2017 e 2018, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto
percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano nem ficar
abaixo de 3%.
Inflação
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo
Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2018 em 4,2%.
De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras
divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,94%, mesmo com
os aumentos recentes nos preços dos combustíveis.
Até agosto de 2016, o impacto de preços administrados, como
a elevação de tarifas públicas; e o de alimentos como feijão e leite contribuiu
para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. Do fim de 2016 ao fim
de 2017, no entanto, a inflação começou a cair por causa da recessão econômica,
da queda do dólar e da supersafra de alimentos. Nos últimos meses, no entanto,
os índices voltaram a subir por causa dos sucessivos reajustes dos combustíveis
e do fim da queda no preços dos alimentos.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros
menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário
de baixa atividade econômica. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos
projetam crescimento de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e
serviços produzidos pelo país) em 2018. A estimativa está superior à do último
Relatório de Inflação, divulgado em dezembro, no qual o BC projetava expansão
da economia de 2,6% este ano.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos
públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de
referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima,
o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque
juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os
juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo,
mas enfraquece o controle da inflação.