Debates
O bullying retorna a sala de aula
Da Redação | 18 de maio de 2022 - 01:11
Por Marcos Spagnoli
Os últimos anos trouxeram intensa mudança para o universo
escolar. Salas de aulas híbridas, uso de tecnologias para facilitar o
aprendizado e cuidados com a saúde emocional e psicológica dos alunos são
alguns dos elementos comuns à realidade da maioria das instituições de ensino
em 2022. Entretanto, há temas que continuam a ocupar espaço na agenda dos
educadores. Um deles, é o bullying.
Diversos autores já estão estudando os impactos da pandemia
no comportamento e no desempenho dos alunos. Mas, não é preciso uma análise
muito profunda para perceber que o isolamento afetou, e muito, crianças e
adolescentes de todas as idades, em especial no que tange a socialização. O
apego excessivo aos aparelhos celulares também se mostrou um agravante após o
retorno e a possibilidade de registrar um colega sem consentimento ou de
divulgá-lo sem autorização, tudo com facilidade, tornou-se uma enorme
preocupação da equipe pedagógica. O receio no aumento de casos de cyberbullying
virou uma realidade.
É fácil perceber um aumento em casos de indisciplina,
principalmente no início do ano. Isso já era esperado e o importante, então, é
estar preparado e não negligenciar nenhuma situação do tipo. Para enfrentarmos
alguns destes desafios é preciso muito envolvimento, trocas com os alunos e
ações em conjunto como forma de resolução. O ponto principal é mostrar que o
bullying é algo que afeta o coletivo e, portanto, tem de ser combatido
coletivamente.
Quando é identificado uma situação em determinada turma ou
grupo de estudantes, os encaminhamentos precisam ser feitos com os envolvidos,
mas também com o restante do grupo, mesmo que estes não estejam relacionados
diretamente. Dessa forma, é possível
aproveitar as vivências dos próprios estudantes para elucidar o trabalho de
conscientização que deve ser feito.
Nesse contexto, todos os colaboradores têm papel importante.
O olhar cuidadoso e atento dos docentes continua a ser um fator diferenciado.
Com pequenas intervenções em sala de aula, ou à frente de projetos
interdisciplinares, o vínculo entre professor e aluno continuará a ser eficaz
no combate ao bullying. Se há envolvimento, há, inevitavelmente, maior respeito
entre todos e, com isso, há menos espaço para casos de bullying no dia a dia.
Outro ponto fundamental no combate a este tipo de violência
é o envolvimento das famílias. Ter um diálogo aberto com os responsáveis,
garantir a transparência das situações que ocorrem e estabelecer alinhamentos
de condutas são primordiais para o sucesso e a eficácia das ações propostas
pela escola.
É possível também combater o bullying de uma forma mais
ampla: criar ambientes acolhedores, nos quais os alunos sintam-se confortáveis
e fomentem uma cultura de respeito à diversidade, ajuda a construir um senso
coletivo de respeito e de não tolerância a este tipo de violência. Diversas
escolas têm incorporado a grade de aulas disciplinas como Projeto de Vida, que
traz em sua proposta ações e reflexões para trabalhar temas diretamente
relacionados ao assunto.
Por esses motivos, se antes da pandemia o tema já não era
fácil de ser vencido, agora, no pós, com as sequelas do isolamento, pode ser
ainda mais difícil. Mas é possível, de fato, minimizar os episódios e fomentar
uma cultura de não tolerância a este tipo de conduta. Atuar na prevenção e na
conscientização, constantemente, é fundamental. Afinal, educar é sempre o
melhor caminho.
Coordenador Pedagógico da rede de colégios Luminova –
unidade Barra Funda, Marcos Spagnoli tem MBA em Gestão Escolar pela USP Esalq e
foi professor de Geografia, Empreendedorismo e Projeto de Vida por mais de 10
anos, com experiência em diferentes sistemas de ensino