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O óbvio e as datas – sempre elas

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Por Helcio Kovaleski

É só fazer as contas.

Em 23 de setembro, o governo do Paraná determinou, por meio da Resolução Sesa 860/2021, a volta às aulas presenciais das escolas públicas estaduais e privadas do Ensino Médio a partir de 26 de setembro.

Matéria da Secretaria da Saúde, postada no site saude.pr.gov.br, em 21 de setembro, anuncia “início da vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidades e jovens de 17 anos sem comorbidades”, durante reunião da pasta com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná e a Associação dos Municípios do Paraná. O anúncio formal foi feito pelo governador Ratinho Jr., que declarou que “toda a campanha de vacinação está sendo construída com base no diálogo” e que “com os adultos vacinados, estamos partindo para os adolescentes".

Em entrevista à RPC, em 27 de setembro, o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, que assinou a resolução, disse que “a vacinação contra a Covid-19 dos adolescentes com comorbidades, entre 12 e 17 anos, deve ser concluída em cerca de 40 dias” – nada informando, portanto, sobre a vacinação de TODOS os adolescentes, incluindo os sem-comorbidades. Logo, há um evidente contrassenso entre o que determina a Resolução Sesa 860/2021, assinada por Beto Preto e o que ele próprio disse à RPC.

Ninguém em sã consciência discorda do fato inequívoco de que o período de mais de um ano longe das salas de aula foi, é e muito provavelmente será prejudicial ao desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes, com reflexos inclusive na sua saúde mental. E que, diante disso, a volta às escolas era necessária para, ao menos, atenuar tais efeitos.

Mas três perguntas ecoam pelo ar ainda contaminado pelo coronavírus. Primeira: por que não se determinou a volta das aulas presenciais no início do ano letivo de 2022, haja vista que o terceiro trimestre das escolas estaduais já iniciou, em 13 de setembro (Resolução Seed 5.022/2020)?

Segunda: a Resolução Sesa 860/2021 prevê que cabe às instituições de ensino “manter o monitoramento constante da adoção das medidas previstas no Protocolo de Biossegurança [...], bem como das normas sanitárias estabelecidas para prevenção e controle da Covid-19”. Basta saber se as escolas vão dar conta dessa determinação, dadas as óbvias dificuldades logísticas para isso efetivamente acontecer. Mas e quanto ao transporte público, que a maioria dos estudantes utiliza? Uma simples ida a qualquer escola, pela manhã, é suficiente para comprovar o óbvio: pelo menos nos ônibus da VCG, em Ponta Grossa, inexiste qualquer noção básica de distanciamento físico, pela simples razão de que, nesse horário, invariavelmente os veículos transitam lotados. A  maioria das pessoas utiliza máscaras, mas é possível ver aqui e acolá um ou outro nariz dando o ar de sua graça. Sem trocadilho.

Terceira e mais óbvia: considerando as datas citadas acima, qual a explicação racional para determinar a volta às aulas presenciais de adolescentes que ainda não foram vacinados, ainda mais considerando que, segundo o Instituto Butantan, “em geral, em duas semanas após a segunda dose estaremos protegidos, pois esse é o tempo que nosso sistema leva para criar anticorpos neutralizantes, que barram a entrada do vírus [da Covid-19] nas células”?

As datas – sempre elas.

Helcio Kovaleski é jornalista.

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