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O legado de Pedro Wosgrau na política ponta-grossense

Imagem ilustrativa da imagem O legado de Pedro Wosgrau na política ponta-grossense

Por Afonso Verner

A frase "Foi o Wosgrau que fez" marcou as campanhas políticas em Ponta Grossa na primeira década dos anos 2000. Pedro Wosgrau Filho comandou a Princesa dos Campos por 12 anos, 8 deles ininterruptos (2005-2012) e se tornou o primeiro gestor a ser reeleito na história da cidade. Aos 73 anos de idade, Wosgrau faleceu nesta terça-feira (13) vítima da Covid-19 e deixou um legado à política ponta-grossense. 

Ao usar o termo "legado" não pretendo, de forma alguma, apagar os erros e equívocos de Pedro. No entanto, parto do princípio que, no momento da morte de uma pessoa, aqueles que ficam no plano terreno devem ressaltar aquilo que ela fez de positivo, de perene - esse mesmo movimento se deu com a recente partida do ex-governador Jaime Lerner. Desta forma, me dedico aqui a refletir sobre as contribuições de Wosgrau para a política de Ponta Grossa, uma das cidades mais importantes do Paraná.

O primeiro fato a se ressaltar é que Pedro foi o primeiro prefeito reeleito na história de PG. Mas antes disso, em 2004, Wosgrau venceu o então prefeito Péricles de Mello (PT) em uma eleição em que o petista era o incumbente, ou seja, tinha a vantagem da máquina pública, além de ter na presidência da República outro petista, Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2008, quando foi reeleito, Wosgrau bateu nomes de peso da política local, como Jocelito Canto (ex-prefeito e então deputado estadual) e Sandro Alex, este último estreante na política. 

Em tempos em que o PSDB rivalizava com o PT por prefeituras de importantes cidades, Wosgrau era um bastião fundamental para os tucanos. Desta forma, do ponto de vista da competição eleitoral, Wosgrau é um nome diferenciado na história política de Ponta Grossa. Além disso, pelos governos de Pedro passaram nomes até hoje importantes e relevantes para a política princesina, como a atual prefeita, Professora Elizabeth Schmidt (PSD), o secretário Celso Sant'Anna, o comunicador João Barbiero (candidato a vice de Péricles em 2012) e José Elizeu Chociai, experiente articulador político, entre outros. 

O mesmo também se dá com a implementação de grandes obras e o crescimento do Parque Industrial da Princesa dos Campos. Wosgrau tem no currículo obras como a Arena Multiuso, a Rodoviária Municipal e a Biblioteca - cada uma com sua dose de polêmicas e problemas, mas todas elas iniciadas no governo de Pedro. No campo da cultura, Wosgrau criou a Münchenfest nos anos 1990, além de ter iniciado projetos que se tornaram políticas públicas, como o programa Feira Verde e o Mercado da Família.

Entre 2004 e 2012, o prefeito foi responsável por estruturar a busca por empresas e indústrias que fortaleceram o setor na cidade. Entre as empresas trazidas por Wosgrau estão a DAF - essas e outras empresas acabaram sendo inauguradas só após o fim do mandato de Pedro. Além disso, Wosgrau também contribuiu para o campo da educação, com a conquista da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) em 2005, que até então funcionava como Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), e a implementação do Hospital Regional dos Campos Gerais, hoje Hospital Universitário. 

Do ponto de vista político, Wosgrau sempre foi um homem público preocupado com o diálogo, qualidade raríssima na política atual. A morte de Pedro fez com que lideranças como Roberto Requião (ex-governador) e Álvaro Dias (senador e ex-governador) prestassem condolências, além de figuras importantes no cenário local, como Marcelo Rangel, Marcio Pauliki, Aliel Machado, Mabel Canto, Jocelito Canto, Sérgio Gadini, entre outros. 

Em 2020, Pedro chegou a ser cotado para disputar o cargo de prefeito. Lembro-me de ter conversado com ele, ao telefone e, da maneira gentil de sempre, Wosgrau me disse que "estava velho para isso". Na minha carreira jornalística, convivi com Wosgrau um curto período de tempo, mas me recordo da educação do então prefeito no trato com a imprensa e com os adversários. Em tempos como os atuais, a postura de Wosgrau fará falta.

Afonso Verner, jornalista, professor universitário e doutorando em Comunicação Política pela UFPR

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