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Educação em 2021: podemos evoluir mais devagar; mas regredir, nunca!
Da Redação | 29 de abril de 2021 - 01:08
Por Acedriana Vogel
Considerada um bem maior da humanidade, essencial ao
progresso de qualquer nação, a Educação é indispensável para o desenvolvimento
sadio de crianças e adolescentes. Por esse motivo, a Escola foi elevada ao
patamar de serviço essencial durante a pandemia. No Dia Mundial da Educação -
28 de abril - cabe um oportuno movimento: subir à superfície, abastecer os
pulmões de oxigênio e refletir: o que é ser essencial? Termo oriundo do latim,
significa ‘aquilo que constitui a natureza das coisas’. Se entendemos que a
Educação humaniza o homem, não há nada mais inerente à natureza humana do que o
próprio processo educativo.
Antes da pandemia, no Brasil, já tínhamos 1,3 milhão de
crianças e adolescentes fora da escola, em todo o país. Com a pandemia,
calcula-se que aproximadamente 4 milhões de meninos e meninas tenham se
desvinculado do cenário escolar. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) de 2020. Em todo o mundo, a Unesco estima que, desde o
início da pandemia, pelo menos 1,5 bilhão de estudantes tenham sido afetados
pelo fechamento das escolas. No Brasil, a pandemia também desacelerou a
implementação de políticas públicas centrais para a melhoria da Educação Básica
que estavam em curso. O Representante da Unicef no Brasil já alertou que todo
esse contexto nos fez regredir duas décadas em relação ao número de crianças e
adolescentes desvinculados da escola, uma realidade que todo governante deve
trabalhar sem descanso para combater.
Nesse contexto, é fundamental deixar de atribuir ao ano de
2021 a responsabilidade de corrigir os erros do ano passado ou colocá-lo em
‘ponto morto’, aguardando a conclusão da vacinação para o retorno ao novo
normal. Tantos são os prejuízos evidenciados com o fechamento das escolas que
dispensam a contundência dos resultados das pesquisas. Vamos assumir que o que
temos, de fato, é o presente (um presente em tempos pandêmicos!) para operar o
trabalho pedagógico, engajar professores e alunos e impedir que as nossas
crianças e jovens desistam de algo que constitui e lapida a sua natureza - a
Educação – assegurada pelo direito de aprender, previsto em nossa legislação.
As escolas aprenderam muito nesses últimos 12 meses e já têm
boas hipóteses de calibragem entre o trabalho presencial e o remoto, em um
movimento integrado, sinérgico e exponencial, de tal forma que esse híbrido
seja muito maior que a soma dessas partes. Pensar em formação humana fora do
espaço coletivo e diverso da escola é desconsiderar o fato de que somos seres
de experiência e linguagem, sociais por consequência. Precisamos de pares, de
propostas de interação e de mediadores profissionais para que possamos avançar
de forma saudável. Aceitar que a família pode assumir sozinha o papel da escola
é uma visão ingênua e danosa para uma sociedade que precisa atuar globalmente,
acolher diferentes culturas e aprender a operar em comunidade. Disso depende a
existência humana!
Acedriana Vogel é diretora pedagógica do Sistema Positivo
de Ensino.