Debates
Pronto-socorro: experiência versus responsabilidade
Da Redação | 12 de janeiro de 2021 - 01:31
Por Felipe Magalhães
A atuação do médico nos prontos-socorros é muitas vezes
fator decisivo para a vida dos milhões de pessoas que procuram todos os dias do
ano por um atendimento emergencial. Porém, apesar de tal afirmação ser
absolutamente incontestável, não são nesses ambientes que serão encontrados os
médicos mais experientes e no ápice da carreira. Na realidade, a maior
parte dos médicos no ápice da carreira não se veem em um plantão de emergência.
Há então um problema, em um ambiente no qual a tomada de
decisão do médico pode ter implicações de grandes impactos na vida do paciente,
em sua maioria são os jovens e recém egresso das faculdades de medicina que
estão lá para tomar a frente. Como fazer para que esse jovem profissional
consiga realizar atividades de tamanha responsabilidade a despeito de pouca
experiência?
Apesar dessa questão não ser nova, há no Brasil um pouco
mais de uma dezena de programas de residência em funcionamento, o que
obviamente não é suficiente para treinar o quantitativo de médicos nas
emergências no Brasil. E mesmo durante o programa de graduação são poucas as
faculdades médicas que oferecem treinamento adequado para medicina de
emergência.
Por isso os médicos, que atuam em serviços de emergência,
precisam ser preparados de forma independente para que sejam capazes de
enfrentar os desafios dos pacientes com doenças agudas. Fora do ambiente
universitário alguns cursos possuem grande destaque no treinamento de
emergências: o ACLS para treinamento em suporte de vida em cardiologia, o ATLS
para treinamento no trauma, o PALS para suporte de vida em pediatria e o BLS,
que é um curso de suporte básico de vida. É recomendação quase unânime que os
médicos com atividades em emergência avaliem a realização de tais cursos de
acordo com a área de emergência que irão atuar.
Além dos cursos citados acima, outra recomendação importante
para os médicos que irão atuar em emergência é possuírem um acesso para
material didático. Atualmente, é possível ingressar em uma plataforma de
streaming como o Jaleko, que deixa à disposição dos futuros médicos cursos,
materiais e até mesmo simulados bastante focados em PS, com o curso Plantão na
Emergência”, que apresenta também uma questão que é essencial, cenários do
cotidiano desta área. Ou mesmo a americana Uptodate, o britânico BMJ Best
Pratice.
Os bons hospitais nacionais estão também atentos a
importância do treinamento dos médicos nessa área tão importante, e muitos além
de estimularem e por vezes até financiam cursos como o ACLS, também têm
produzidos protocolos de atendimento para guiarem os profissionais nas
emergências mais prevalentes.
Por fim, médicos, jovens ou não, devem sempre estar cientes
de suas habilidades e responsabilidades, onde quer que estejam. E se esta
pandemia realmente nos ensinou algo é que, dependemos uns dos outros, portanto
se precisar conte com alguém mais experiente. Afinal, decisões tomadas tem
grande impacto na vida de pacientes.
* Felipe Magalhães é médico e diretor científico do Jaleko,
graduado na UFF- Universidade Federal Fluminense, com residência clínica médica
no Hospital Adventista Silvestre e residência em nefrologia na UFRJ –
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é também coordenador da
comissão de residência médica do Hospital Federal da Lagoa.