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Ponta Grossa entregue à direita

Imagem ilustrativa da imagem Ponta Grossa entregue à direita

Por Ismael de Freitas

As últimas eleições em Ponta Grossa consolidaram um cenário político que vem se estendendo desde 2005, quando da posse do ex-prefeito Pedro Wosgrau Filho. Um alinhamento à direita.

Antes disso, pode-se dizer que a prefeitura foi governada por dois prefeitos de viés popular, Péricles de Holleben Mello (2001-2004) e Jocelito Canto (1997-2000), este último eleito por sua postura assistencialista. Pode-se dizer que Luiz Carlos Stanislawczuk (Zuk – 1977-1982) não pode ser considerado conservador, pois chegou à Prefeitura na onda antiditadura na década de 1970. Dá ainda pra afirmar que José Hoffman (1955/59 – 1962/66), deposto de seu segundo mandato após o golpe de 1964, não se enquadra no conceito de direita.

De volta para o presente, na eleição de 2020 havia três candidaturas de direita e duas de esquerda. Os dois candidatos progressistas juntos conseguiram o apoio de menos de 5% da população, Sérgio Gadini (3.04%) e Edson Armando Silva (1,79%).

Na terceira colocação ficou a candidatura que classifico como “direita com tendência ao extremismo”. Explico. O candidato a prefeito era Márcio Pauliki, que chegou a sugerir certo descontentamento com o presidente da República Jair Bolsonaro e há algum tempo fez campanha para Dilma, mas seu candidato a vice foi Ricardo Zampieri, antipetista rude e apoiador de primeira e última hora de Bolsonaro, um governante de extrema-direita com propensão ao fascismo, linha política que prega a eliminação dos adversários. Bolsonaro, ainda em campanha, sugeriu “metralhar a petralhada”.

Para o segundo turno tivemos a inédita disputa entre duas mulheres, Mabel Canto e Elizabeth Schmidt. A última foi apoiada pelo prefeito que governava, Marcelo Rangel, que, apesar de já ter feito campanha para candidato do PT na cidade e posado ao lado de Dilma e Gleisi, se mostrou durante quase todos os seus oito anos de governo como antítese da esquerda, juntamente com seu irmão, Sandro Alex.

Mas antes de falar da prefeita eleita, quero lembrar que a sua adversária eleitoral, Mabel Canto, ainda no início de sua vida pública, não pestanejou em atacar o PT quando, pasmem, recebeu apoio do partido para o segundo turno. Não tenho como afirmar de forma categórica, mas suspeito que é a única vez na história de uma eleição no planeta Terra que uma candidatura rejeita apoio gratuito. Esse fato pode ter colaborado, em alguma medida, para sua derrota no segundo turno por 7.463 votos, mas isso é apenas uma hipótese.

Elizabeth foi eleita ao lado de Saulo Vinícius, ex-coordenador do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e ex-comandante da 5ª Companhia do Batalhão da Polícia Escolar Comunitária. A escolha do vice é obvia, um militar com certa similaridade ao presidente Bolsonaro. No entanto, durante os debates na campanha ele parecia um comunista se comparado ao candidato a vice de Marcio Pauliki.

A professora Elizabeth, antes de ser prefeita, trabalhou como secretária na gestão de Pedro Wosgrau e de Marcelo Rangel, sendo vice-prefeita na última gestão do radialista. Cabe lembrar que sua atuação frente à pasta da Cultura foi marcada pelo diálogo aberto com o Conselho de Cultura Municipal, que tinha em sua composição à época várias pessoas de esquerda.

Resta esperar que ela tenha a mesma postura com relação à esquerda agora, no papel de prefeita. O problema é que na Câmara Municipal a esquerda praticamente não existe, com exceção da vereadora Josiane Kieras (e Coletivo) – PSOL.

 Ismael de Freitas é jornalista

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