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Imagem ilustrativa da imagem Feliz 2021, Brasil

Por Mário Sérgio de Melo

Não sei se estava sonhando ou aconteceu mesmo, mas eis que surge aquele gênio diante de mim perguntando: ─ Quais são seus desejos para 2021? ─ Antes que, refeito do susto, pudesse responder, ele acrescentou: ─ Nada de pandemia, desgoverno, caos social, Amazônia, vacina... Os pedidos têm que ser pra você mesmo, como pessoa, cidadão, indivíduo.

Tive de mudar o que já estava matutando. Então o pensamento foi bem objetivo, mesquinho, previsível: dinheiro, saúde, poder, posses, celebridade, sexo, drogas & rock’n’roll? Aí bateu uma desconfiança: e se aquilo fosse um teste? Resolvi tentar pedir coisas que fossem sim pessoais, mas que contribuíssem também para o social, o coletivo. Sem tardar, mandei ver: ─ Quero respostas! O que é mais importante? Essência ou aparência? Amor ou discernimento? A força da argumentação ou a força bruta? Verdade ou ilusão? Virtuosismo ou pragmatismo? ─ Após um ligeiro espanto, o gênio deu uma ruidosa gargalhada, disse que não me daria respostas, mas sim a chance de encontrá-las por mim mesmo. E, com um ar de malandro, assim como surgiu, sumiu.

De pronto comecei a refletir. Quais pedidos deveria ter feito? Bem, a vida existe neste mundo encarnada no ser humano. Desejaria, então, que este ser seja sadio: o corpo e suas funções, as emoções, os sentimentos, a psique, o intelecto, a própria alma; que ela tenha a luz da compreensão.

Em seguida, desejaria o discernimento. Parece-me que, depois de livre da prisão do eventual corpo não sadio, o discernimento libertará da prisão do pensamento e das emoções torpes.

Discernimento parece ser a raiz da compreensão, e do próximo desejo: o amor. E tudo que ele significa: amizade, compreensão, zelo, dedicação, atenção, lealdade, confiança, alegria, leveza, cultura, arte, beleza, esperança... A palavra amor tem um sabor estranho: anda vulgarizada e deturpada, mas significa algo extraordinário. Desejaria o amor pleno, pelo que sou, pelo próximo, o conterrâneo, os que vivem do outro lado do mundo, os antepassados, os que ainda virão, o lar, os seres vivos, o planeta Terra, o Sol que nos energiza, a imensidão do borrão de estrelas do céu, que com sua beleza nos revela a real dimensão humana.

Depois de saúde, discernimento e amor, se ainda não esgotei o repertório de bênçãos a que teria direito, pediria a força da intenção. Vontade para cooperar na transformação deste mundo no qual, não sei por quais desígnios, vim acontecer. Decerto com saúde, discernimento e amor, haveriam de ser boas intenções, e, dotadas de energia, seriam realizadoras, transformadoras. A engenhosidade humana e a generosidade do planeta, que tudo nos dá, se bem orientadas pela força de nossa intenção, hão de transformar a humanidade, fazendo prevalecer a solidariedade e a prosperidade.

O próximo desejo, a liberdade... Epa! Vou parar por aqui. A lista de bênçãos a desejar não teria fim. Alcançada uma, outra a sucederia. O essencial é que desejemos. E que saibamos a hora de parar.

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG

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