Debates
Papo reto com o Papai Noel
Da Redação | 08 de dezembro de 2020 - 03:20
Por Cida Oliveira
Saudades dos tempos normais né, amigos? Esse ano nada, nada
está sendo fácil. Nunca percorri caminhos tão óbvios com tantas dificuldades e
incertezas. Eu, sinceramente, ando com uma nostalgia imensa.
Quando poderíamos prever um fim de ano que teríamos que
substituir o Papai Noel "físico" pelo virtual? As vendas online já
estavam chegando e todos nós já estávamos nos preparando para grandes mudanças
no varejo. Mas, e o Papai Noel?
Pensei muito, e como essa época é de reflexão e avaliação,
decidi ter uma conversa sincera com ele, ter um papo reto mesmo, olho no olho,
assim como as crianças fazem quando querem pedir seus presentes tão desejados.
Abri meu coração. Quando decidi que teríamos o Papai Noel
"de verdade" no shopping, falei para ele de todos os protocolos e dos
cuidados que precisamos ter com todos nesse momento tão difícil. Minha intenção
era escutar também um pouquinho a opinião dele, que é tão sensato com todos,
afinal, se nós esperamos ansiosamente essa data, imaginei que ele também
esperaria.
Sabemos que os protocolos são rígidos e respeitá-los é
fundamental. Em nossa conversa, ele entendeu e concordou, mas em seguida ele me
contou que os empregos estavam em baixa esse ano. E olha que ele, que só
trabalha mesmo nessa época, esperou o ano inteiro para poder escutar os pedidos
de presente, dar bons conselhos e desejar um Feliz Natal. Deixou bem claro que
a decisão era minha (esperto ele viu), mas que desejava mesmo só isso: estar
presente.
Então, com todo cuidado, lembrei de conselhos tão antigos
que sugerem que nos coloquemos no lugar do outro, que a gente decida com a
razão, mas que uma pitada de emoção pode sim ser fundamental.
E lá está ele! Muito bem protegido em uma redoma de vidro!
Feliz, conversando e alegrando crianças e adultos.
Quando sentei para fazer meu pedido, ele fez um breve
agradecimento dizendo que poucos amigos estão trabalhando neste ano. Que, na
idade dele, esperar mais um ano não é fácil e que é bem diferente de 365 dias
para os jovens. Disfarcei a emoção. Eu queria mesmo era dar um abraço nele. Mas
quem sabe a gente consiga no ano que vem, né?!
Para finalizar, curiosa, perguntei sobre os pedidos que ele
tem recebido e ele me contou: “Sabe, as crianças continuam pedindo mesmo os
brinquedos, e aguardando suas balinhas. Aqueles que não gostam muito de
estudar, chegam mais seguros, pois sabem que não vou falar em notas, nem se
passaram de ano. Mas todas as crianças falam das saudades que sentem dos
colegas da escola”, ele me disse.
“E os adultos?”, eu perguntei. A resposta foi: “Bem, neste
ano as viagens para Europa ou Disney com a família praticamente desapareceram.
Poucos pedem algo material, mas todos, todos mesmo, pedem saúde e que mantenha
sua família mais próxima”.
Eu não pedi nada. Só agradeci pela oportunidade que tenho em
conseguir proporcionar momentos inesquecíveis para tantas pessoas. Continuo com
saudades dos meus dias normais, mas confesso que aprendi muito com tantos
desafios.
Feliz Natal.
Cida Oliveira é diretora de marketing do Grupo Tacla
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