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Imagem ilustrativa da imagem O voto e o mito

Por Edu Silvestre de Albuquerque e Isonel Sandino Meneguzzo

O velho mito da sociedade patriarcal e conservadora ponta-grossense caiu totalmente por terra nestas eleições, em que duas mulheres disputam o segundo turno para a prefeitura. Talvez este mito tivesse razão de ser nos primórdios da ocupação dos Campos Gerais pelas fazendas de gado, onde às mulheres destituídas de herança paterna restava a submissão ao marido proprietário de terras. Mas aquela sociedade ruralista se transformou aceleradamente já no século passado com o desenvolvimento comercial e industrial de Ponta Grossa.

A citação a seguir ilustra o contexto: "Na década de 1920, o sonho do progresso estava se realizando", e "Ponta Grossa já era a mais "próspera" cidade do interior do estado", com "calçamento, telefone, água encanada, rede de esgoto, hospital e possuía uma vida cultural intensa". Ainda segundo o autor, em 1930, enquanto Curitiba tinha uma taxa de urbanização pouco acima dos 50%, Ponta Grossa ultrapassava os 75% de sua população em condição urbana (MONASTIRSKY, 2001, p. 44-45). Por essa época, a sociedade patriarcal e conservadora já fora definitivamente sacudida pelos ventos da modernização urbana.

A autonomia da mulher ponta-grossense é produto direto de sua inserção no mercado de trabalho urbano, seja diretamente nas fábricas, no comércio e na prestação de serviços, ou ainda nas funções públicas, que também dão suporte para a moderna economia corporativa atraída para o município, o maior dos Campos Gerais.

O cosmopolitismo, característica fundamental de cidades de nossa época e, obviamente, com intenso fluxo de pessoas, vem se consolidando na Princesa dos Campos. Universidades, shopping centers, atividades turísticas, culturais e esportivas e o incremento da malha viária e aeroviária, certamente contribuem fortemente para isso.

Diante deste contexto, vale destacar: alguns candidatos representantes do espectro extremo da política local, que não foram eleitos, continuarão levando o mito da sociedade patriarcal e conservadora adiante, na esperança de em algum momento angariar os votos dos quais precisam para se elegerem. Aí talvez caiba a pergunta que permeia a polarização política não só no Brasil como em diversos países do mundo: Direita? Esquerda? Ou simplesmente oportunismo político? Mas não adianta brigar com a realidade: o voto ponta-grossense nunca foi tão feminino como em 2020. Parabéns às mulheres e aos homens pelo voto consciente, e na certeza de que novas vitórias femininas ainda serão colhidas!

Edu Silvestre de Albuquerque (Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – [email protected])

Isonel Sandino Meneguzzo (Professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa – [email protected])

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