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Ogros ou elfos: a farsa da liberdade, democracia e verdade

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Por Mário Sérgio de Melo

Todos nós somos um tanto ogros e um tanto elfos, em proporções variáveis. Dizem estudiosos da natureza humana que o ideal seria uma ponderação entre os dois, pois ambos têm prós e contras. Entretanto, ao longo do tempo, histórico ou pessoal, ora um ora outro se descontrola. Quem, num mesmo dia, já não foi ogro num momento e elfo noutro?

Os dias atuais da Humanidade estão dando o que pensar. São tempos de ogros ou de elfos? Como andam a liberdade, a democracia, a verdade, qualidades dos elfos?

A eleição nos EUA é carregada de simbolismos. Trump personifica a truculência, o autoritarismo, a opressão, a mentira. Há quatro anos, quando foi eleito pela primeira vez, há quem pudesse alegar que não tivesse certeza disso. Mas hoje já se sabe quem é o topetudo. E Trump chega a ameaçar ganhar de novo. Não é só ele que soltou o lado ogro. Todos os seus eleitores, e os incontáveis apoiadores mundo afora, também soltaram os seus.

Aliás, as nações são feitas de seus habitantes. Se os estadunidenses têm se inclinado para o lado ogro, que dizer de seu país? Ora, diriam, os EUA são a pátria da liberdade, da democracia, da verdade. São!? Liberdade de quem, e para quê? Da Ku Klux Klan para aterrorizar e matar? Liberdade de sufocar a imensa população negra e imigrante? Liberdade de invadir e arruinar países pelo mundo que não rezem sua cartilha econômica e ideológica? E a democracia? Nem internamente são democratas; massacram minorias, têm um bizarro sistema eleitoral em que o mais votado pelo povo pode não levar, o que tem acontecido com frequência. O que existe de democracia nos EUA depende de exportar ditaduras impostas a países mundo afora pelos seus serviços de arapongagem e equipadíssimo exército.

E a verdade? Tio Sam especializou-se em oferecer ao mundo o veneno fazendo-o passar por remédio. As bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, os dois maiores atos terroristas da História, são ditos atos de guerra necessários, para abreviar o conflito e salvar vidas. A verdade é que as duas explosões aterrorizaram o mundo, que desde então se curva de medo e rende-se à tirania capaz de tal atrocidade. Ademais, os EUA fabricam tiranos líderes fantoches mundo afora, depois têm de promover guerras arrasadoras para depô-los quando eles se insurgem contra seus criadores.

E se as armas de destruição vêm sendo incrivelmente aperfeiçoadas, graças a gordos orçamentos de guerra, primorosas estão também as artimanhas de manipulação da informação. A verdade nunca esteve tão distorcida. E os EUA parecem ser a pátria da honestidade. O restante do mundo é mentiroso e corrupto. Mas os corruptores são os agentes a serviço da hegemonia estadunidense. E, claro, a abafada corrupção interna de Tio Sam é negociada em secretos acordos internos, o restante do mundo não precisa sabê-la.

Vivemos um momento de farsa da liberdade, da democracia, da verdade. Soltamos os ogros, eles calaram os elfos. O apoio a Trump nos EUA e no mundo é uma prova disso. Urge nos reequilibrarmos. 

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG

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