Debates
O papel da Saúde Única frente a pandemia
Da Redação | 05 de agosto de 2020 - 03:04
Por Willian Barbosa Sales
No atual contexto em que estamos vivendo, somos bombardeados
por uma infinidade de informações, muitas delas são capazes de despertar
reflexos intrínsecos de inquietude com nosso “eu interior”, e sobre nossas
relações com o universo a nossa volta. Perguntas surgem em nossos pensamentos
como por exemplo: como manter a pluralidade com o cosmos onde estamos
inseridos? Como encontrar a homeostase necessária para o ideal convívio entre
todas as formas de vida existente em nosso planeta? Como evitar que sejamos dizimados
por outras pandemias por não perceber que não estamos sozinhos nesse planeta?
A respostas para todas essas perguntas podem ser encontradas
ou melhor analisadas sob a luz da “One Health”, expressão conhecida a nível
global, que em nosso país tem se fortalecido como Saúde Única. Mas o que
significa o termo “One Health” ou Saúde Única? Esse termo reconhece, afirma e
acredita em uma interconexão fundamental que existe entre todas as formas de
vida, ou seja, entre seres humanos, animais e o meio ambiente que os rodeia. A
saúde humana, animal e ambiental é indissociável, a existência dessa tríade
forma a Saúde Única, a homeostase entre as ações existentes entre cada uma são
essenciais para garantir o futuro saudável e sustentável do equilíbrio e vida
em nosso Planeta Terra.
Estamos passando por um momento único no mundo moderno que
possui como gatilho a doença do novo coronavírus (COVID-19), causada pelo vírus
SARS-CoV-2 de origem zoonótica, ou seja, patologia que pode sem vinculada aos
seres humanos por animais. Por quantas zoonoses passamos ao longo da nossa
história? Será que não aprendemos nada? Acredito que aprendemos muito com o
avançar de toda nossa bagagem científica desenvolvida pela epidemiologia, saúde
pública, patologia e todas as outras ciências correlatas. O que não aprendemos,
estamos protagonizando agora no mundo moderno, ou seja, essa doença possui
características únicas de origem homem-animal-meio ambiente, sua rápida
explosão ocorreu pela elevada interconectividade humana, mobilidade e comércio
global.
Ser protagonista dessa parte da história, só chancela a
necessidade de uma abordagem de cunho efetivo em Saúde Única. A interface
existente entre homem-animal-meio ambiente, está sendo reconhecida
internacionalmente como uma tendência efetiva para o gerenciamento de doenças
emergentes e novas pandemias de origem zoonótica.
Precisamos estabelecer mecanismos e processos eficazes de colaboração para o enfrentamento de possíveis ameaças, ou seja, precisamos pensar único, precisamos viver em Saúde Única. Somente tornando esse conceito elegível, conseguiremos formar esforços de alta capacidade, para lidar e implementar a abordagem da Saúde Única no futuro, e assim conseguir as respostas esperadas para futuros incertos à espreita.
Willian Barbosa Sales é biólogo, doutor em Saúde e Meio
Ambiente, coordenador dos cursos de Pós-graduação da área da saúde do Centro
Universitário Internacional Uninter