Debates
E o mundo mudou
Da Redação | 27 de junho de 2020 - 02:33
Por Fábio Ribeiro Ponciano
O ser humano está evoluindo ao longo de milhares de anos e
muitas foram as conquistas não só por um pedaço de terra, mas também pela
corrida espacial de qual país iria mais longe no desbravar do espaço. Milhões
de milhares de dólares gastos na exploração de planetas, enquanto que aqui na
terra a desigualdade social e a fome atormenta ano após ano milhares de milhões
de nossos semelhantes.
Com a evolução, veio o egoísmo, o sentido de poder e o mais
importante é: o que for ruim ao meu semelhante e não me atingir, pouco me
importa. Vivemos em um mundo alucinadamente capitalista e nos contentamos com
uma casa bonita, com móveis modernos, aparelhos domésticos de última geração,
comida boa para por na mesa, um carro "do ano" para nos locomovermos,
ou ostentarmos um certo grau de poder e algumas economias para pelo menos uma
viagem top ao ano. A meta de qualquer ser humano, nos dias de outrora, era de
viver com qualidade de vida e situação financeira equilibrada.
Tantos afortunados com muito e milhões de miseráveis sem
nada. E para amenizar tudo de ruim que acontece no globo terrestre é mais
viável fecharmos os olhos para as coisas negativas e traçarmos metas e
objetivos para que conosco seja diferente. Até alguns meses atrás, pessoas se
esbarravam diariamente umas nas outras nas ruas, como formigas em um grande
formigueiro, ou simplesmente encontravam seus vizinhos em portas ou portões e
fingiam não os ver, para não ter que cumprimentá-los, mesmo podendo fazer de
bom grado, ou como simples formalidade educacional.
Na atualidade, as ruas em especial das grandes metrópoles se
tornaram extremamente desertas e seu vizinho ao lado, por mais pequena que seja
sua cidade, não pode sequer dizer um "bom dia", porque a ordem geral
é para que não haja contato social algum. Uma certa dose de sorte está ao lado
para aqueles que convivem com mais de um em suas casas, mas infelicidade é para
aqueles que moram sozinhos e estão ficando loucos com a solidão das paredes
mudas de suas casas. Sorrateiramente, como um relâmpago a romper a penumbra da
escuridão em uma tempestade noturna, o mundo do dia para a noite mudou, levando
consigo pequenos gestos como um simples aperto de mão, ou um abraço apertado de
saudade ou felicidade, restando apenas o isolamento e a incerteza do amanhã.
Nós, humanos evoluídos que somos, já tínhamos nos esquecido
dos pequenos valores de tais gestos, pois as grandes preocupações que
sobrecarregavam nossos cérebros nos privaram de nutrir importância para gestos
tão insignificantes e que hoje com certeza nos damos conta de quão necessários
os mesmos são, até mesmo como forma de expressar nossa liberdade. A beleza
exterior, em especial a do rosto e fisionomia, cultuada ao longo de centenas de
anos por diversas civilizações, hoje tem que ser escondida atrás de uma
máscara, dificultando a disseminação de um vírus desconhecido e facilitando
para que assim, nos esqueçamos de como são os traços que nos diferem um dos
outros.
E antes, enquanto que somente a economia e o valores
monetários negociados diariamente nas bolsas de valores eram notícias de
primeira mão em todos os países, hoje, milhares de nações espalhadas pelo
mundo, compõem um ranking cruel em um painel virtual computando vidas ceifadas,
sem o direito do último adeus por parte dos entes que se foram, com aqueles que
entristecidos ficaram. O mundo com certeza mudou, talvez para nos ensinar que
não sabemos nada, talvez para nos fazer valorizar cada dia que nos foi dado,
talvez para distanciarmos ainda mais um dos outros, ou para nos aproximar
exaltando o real valor do calor de um abraço ou aperto de mão.
Com certeza, o mundo mudou e nunca mais será o mesmo, pois
com toda a evolução e tecnologia alcançadas ao longo dos anos, concedendo ao
homem o "sentido de poder invencível" e que tanto modificou e transformou
o mundo, hoje nos remete a "era" da escuridão, nos conscientizando do
quão frágil somos, pois basta o simples contato com algo letal e desconhecido,
para regredirmos a reinvenção de como sobrevivermos nas sombras gélidas de um
futuro subjuntivo. De posse deste tempo de reflexão que nos foi imposto e tendo
em vista que o mundo, mudou, vamos mudar a nós mesmos de forma positiva,
pensando e agindo melhor com mais humanidade com o próximo, para tornar nosso
mundo melhor do que o outro que deixamos para trás e que não sabemos nem quando
e nem se, o teremos de volta como assim o conhecemos.
Texto escrito por: Fábio Ribeiro Ponciano, Contador do instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Tibagi, Servidor Público há 26 anos, Graduado em Ciências Contábeis e Administração de Empresas e Especialista em Gestão Financeira, Contábil e Auditoria, Especialista em MBA de Gerenciamento da Administração Pública Municipal, Especialista em Direito Administrativo com Ênfase em Administração Pública, Especialista em Gestão de Pessoas e Especialista em Direito Tributário. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6809281167019509