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Papa convoca 'semana de ação' pelo meio ambiente

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Roberto Mistrorigo Barbosa

Em comemoração aos cinco anos de sua encíclica “Laudato Si” - Louvado Sejas – o Papa Francisco convocou todos os católicos do mundo (cerca de 1,3 bilhão de pessoas) para que durante os dias 16 e 24 de maio façam uma jornada com ações ambiciosas para enfrentar os crescentes perigos ambientais que o planeta enfrenta – as mudanças climáticas; os ecossistemas da Amazônia, da Austrália e do Ártico que se aproximam de pontos críticos; e a ameaça sem precedentes da perda de biodiversidade enfrentada por um milhão de espécies vegetais e animais.
O planejamento dessa semana se deu ainda antes da pandemia de covid-19, mas, com a emergência da doença em todo mundo, esse evento se mostra ainda mais importante, senão imprescindível, para que tenhamos um futuro e percebamos que não podemos retornar a um sistema de saque, expropriação e utilização dos recursos naturais de maneira irresponsável. Do contrário, o risco é sequer haver algum futuro para a humanidade.
Nas palavras do doutor em microbiologia pela USP e pós-doutor pela Universidade de Yale, Átila Lamarino, em entrevista à BBC Brasil, “...o mundo mudou, e aquele mundo (de antes do coronavírus) não existe mais. A nossa vida vai mudar muito daqui para a frente, e alguém que tentar manter o status quo de 2019 é alguém que ainda não aceitou essa nova realidade”.
Poderíamos conjecturar que o vaticínio do cientista é uma espécie de resposta ao clamor do Papa Francisco no vídeo produzido para a divulgação da Semana Laudato Si. Nele, o pontífice pergunta sobre que tipo de mundo queremos deixar para aqueles que nos sucedem e continua “renovo meu chamado urgente por uma resposta à crise ecológica, o grito da terra e o grito dos pobres não vai cessar. Cuidemos da criação, presente de nosso bom Deus criador”.
Por ocasião do Sínodo da Amazônia, Francisco é ainda mais contundente, dizendo que “não haverá uma ecologia sã e sustentável, capaz de transformar seja o que for, se não mudarem as pessoas, se não forem incentivadas a adotar outro estilo de vida, menos voraz, mais sereno, mais respeitador, menos ansioso, mais fraterno”.
No entanto, para compreender a profundidade do chamado papal, se faz necessário estar habituado com conceitos chave da encíclica. Um deles é o que Francisco chama de “Ecologia Integral”, ou seja, a ideia de que tudo está interligado no mundo e que a humanidade enfrenta uma crise estrutural em múltiplas dimensões: um grande contingente de pessoas vivendo na pobreza, disparidades extremas de renda, o aumento da competição por recursos (incluindo energia, terra e água), ecossistemas severamente degradados, Estados-nação falidos e mudanças climáticas cada vez mais fora de controle.
Para a Semana Laudato Si, foi elaborada uma síntese que direciona as ações dos católicos (e porque não dizer de todos os que se importam com a nossa “casa comum”): 1- Orar por e com a criação, 2 - viver de maneira mais simples e 3 - advogar para proteger nosso lar comum.
É nesse espírito de permanente atenção e cuidado, mas ao mesmo tempo de alegria, satisfação é fé, que a Igreja se prepara para essa tarefa. É também dessa mesma maneira que o Papa encerra a Laudato Si, convidando a todos para que “caminhemos cantando; que as nossas lutas e a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança.”
Se você, leitor, se sentiu tocado pelas mensagens do Papa, sendo ou não católico, é possível fazer parte das ações propostas na Semana. Para isso, basta acessar o site laudatosiweek.org; Neste lugar se encontra um centro de informações para as várias ações e eventos planejados pelos católicos. Ele também inclui subsídios para ajudar as paróquias e outros grupos a darem passos para marcar os cinco anos da encíclica.
A solidariedade e o serviço, o amor ao próximo e o cuidado com o planeta são as novas dimensões de nossa vivência e sobrevivência. É preciso reverberar que cada uma das criaturas possui em si mesma uma valor de existência, de vida, de beleza e de interdependência com outras criaturas. Vamos nos tornar cada vez mais a Igreja no que Francisco sonha, cheia de uma dimensão ecológica como expressão do cuidado, servidora da humanidade e da criação.

Roberto Mistrorigo Barbosa, Leigo Inaciano, membro da CVX e coordenador da Comissão Nacional de Formação do Conselho Nacional de Leigos da Igreja Católica.

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