Debates
Aula a distância. E agora?
Da Redação | 25 de abril de 2020 - 01:33
Por Mariane Regina Kraviski
Nos últimos dias, tenho recebido muitas mensagens de colegas
professores pedindo ajuda para utilizar a tecnologia para o planejamento de
suas aulas. “Como posso gravar um vídeo?”, “Qual o melhor programa ou
aplicativo?”, “Como prender a atenção dos estudantes em uma live?”, “Como
fazer uma live?”
Enfim, inúmeras dúvidas que estão chegando para que eu possa
auxiliá-los de alguma maneira. Sim, esse cenário é atual, estamos em meados de
abril e em plena quarentena nos resguardando da pandemia do coronavírus que
assola nosso país e o mundo. Esses tipos de pedidos de ajuda esporadicamente
chegavam a mim e, normalmente, surgiam na própria sala de aula, em disciplinas
relacionadas ao uso de tecnologias ou vinham de algum colega mais próximo. Mas,
e agora? Como dar aula a distância se não estou preparado para isso?
Presenciar essas mudanças aumenta minha crença na
importância de formar professores para o uso das tecnologias na educação.
Dedico minha pesquisa acadêmica a esse tema por pelo menos quatro anos e venho
sustentando essa teoria de que professores precisam ter em sua formação inicial
o contato com a educação a distância ou buscar em uma formação continuada esse
conhecimento.
No entanto, nessas últimas semanas, participar dessa disrupção
na educação, em que professores têm que readequar sua prática para dar aulas,
mudar suas estratégias e metodologias, traz a certeza da importância da
formação do professor para o uso das tecnologias. Parece tão simples ligar o
celular, conectar a câmera e gravar uma aula, “Você vai conseguir se virar
sozinho, é fácil, não é possível que não entenda”. Mas sabemos que não é fácil
e nem simples, pois somos capazes de perceber que nos exige um mínimo de
conhecimento e de expertise.
As escolas estão se adaptando à nova demanda, as políticas
públicas estão abrindo portarias para a legislação educacional, a educação a
distância está mais presente do que nunca. Professores estão gravando aulas e
ensinando de suas casas, os alunos aprendendo de suas casas. O MEC driblou a
LDB e autorizou as escolas de educação infantil e ensino fundamental a
substituir aulas presenciais por aulas a distância. Grupos de professores e
especialistas estão se unindo para disseminar conhecimento, com dicas, lives e
encontros de como dar aula em vídeo.
Vemos que medidas estão sendo tomadas, há uma transformação
na educação que está mexendo com todos e percebemos que o trabalho virtual
requer capacidades que não foram alcançadas para este novo contexto.
Formar professores oriundos de outra geração para atuação no
contexto atual evidencia-se como uma das problemáticas para a equipe gestora.
Este cenário ainda é repleto das tendências educacionais, que se configuram com
a incorporação de novas roupagens para as temáticas de necessidade constante de
inovação nas práticas pedagógicas, com discursos de ambientes enriquecidos com
tecnologias.
Talvez os professores não tenham tido a oportunidade de
realizar uma formação específica para atuar na EAD. Quando são convidados para
ministrar disciplinas na EAD, percebemos que apresentam uma certa resistência
com a atuação nessa modalidade e com a utilização das tecnologias educacionais.
São profissionais que possuem uma vasta experiência no ensino presencial, mas
que nunca atuaram nesse campo.
São docentes formados em licenciaturas, mas que não cursaram
uma disciplina da grade curricular de seu curso de formação inicial, que
visasse a utilização das tecnologias educacionais como base a utilização de
ambientes virtuais ou como recurso para o ensino de diversas disciplinas a
distância. Consequentemente, deparam-se com esse conhecimento em uma formação continuada,
fator este gerador de preconceitos com esta modalidade.
Diante desses fatos, concluímos que são novos tempos e
precisamos nos reinventar. Depois que tudo passar, será o momento para dar mais
valor à EAD e buscar por formações complementares para auxiliar com a
tecnologia, com a inovação e estar preparado para essas transformações.
Mariane Regina Kraviski é mestre em Educação e Novas Tecnologias e professora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.