Debates
Uma visão filosófica sobre a atualidade através de reflexos históricos
Da Redação | 03 de abril de 2020 - 03:41
Por Simone Fernandes
Estar em cima do muro
pende para a abstenção dos fatos reais atuais e historicamente construídos.
Amontoa-se as dúvidas, potencializadas pela busca de respostas prontas e livre
de estímulos significativos, aproximando o sentimento de razão individual,
seccionada em porções muita vezes insustentadas do ponto de vista estratégico,
causando um emaranhado de sentimentos, como insegurança, falta de objetividade
e confiança, dificultando a eficácia de processos para o bem estar individual e
coletivo. É subjetivo, porém alicerçados através do discurso direto ou indireto, ou seja, através do
diálogo e da escrita, sendo a primeira, uma prática socialmente histórica em
todo período da humanidade. Cria-se através destes discursos, grupos de
interesses distintos, sejam eles políticos, religiosos, econômicos e sociais.
Nesta reflexão filosófica
acerca da realidade global comum, que abarca toda a humanidade neste momento
histórico, levanta-se timidamente a bandeira da fragilidade perante a
perspectiva futura de vida. Traz à tona mazelas sociais muito claras, que não
podemos mais negar, estas que são legitimadas através da aceitação de sistemas
falhos e vulneráveis, como por exemplo, o sistema de saúde pública, algo muito
necessário.
Este é somente um exemplo
que atinge a maioria das nações, mas em países emergentes ou subdesenvolvidos,
soma-se à isso a falta de estrutura básica, como saneamento e alimentação que
põe em cheque uma possibilidade nova de estruturação social que veio de modo
imprevisto.
Numa perspectiva
positiva, abre-se o leque para várias oportunidades de aprendizagens e avanços
em prol do bem estar comum, como ocorreu na maioria das crises epidemiológicas
e do pós-guerra, entretanto há contrapontos, o sofrimento vem como parte do
conjunto e a não aceitação de fatos ocorridos, gerencia e condiciona à repetição do erro, como se
quiséssemos resultados diferentes utilizando os mesmos métodos, estes que têm
se mostrado falhos, empurrando a linha da desigualdade numa curva muito
acentuada, criando um problema tardio e tornando-o uma bomba cada vez mais
potente.
Vale-se ressaltar que
estar engessado para esta nova aprendizagem individual, interfere no coletivo e
é realidade na luta contra estas mazelas sociais muito nítidas em tempos
atuais, sendo obscurecidas pelo condicionamento mental do egoísmo e
egocentrismo, muitas vezes nem percebidos por seus agentes como algo tóxico,
mas como algo relacionado à sobrevivência, pensamento este equivocado no ponto
de vista da evolução.
Estar em cima do muro e
da negação por algo óbvio, colabora para a falta de empatia, solidariedade e
mesmices.
Discursos distintos por
algo que tem se mostrado real no mundo, só aumenta a margem de erro para mais e
não traz nada de novo. Vai na contramão da solução de problemas pro nosso tempo
e pro futuro.
A coesão de ideias está
longe de ter uma atração mútua ou
maleável, pois visa perdas e ganhos, que são interesses muito
particulares, sendo gerenciadas em
caminhos diferentes através da variabilidade de discursos que seguem nortes
separados e que muitas vezes não convém com a realidade do outro.
Neste mundo líquido, onde
as relações humanas são rasas, descartáveis e advém de um laço frouxo, a
construção social tende a ficar alicerçada em ambientes frágeis muito
vulneráveis ao desabamento, entretanto há de se ressalvar que há o lado
oposto e as inúmeras possibilidades de
melhora em detrimento de algo novo como projeção de futuro e bem estar social.
Simone Fernandes -
Professora e Operadora de Produção na área industrial