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O atual corte de cabelo

Imagem ilustrativa da imagem O atual corte de cabelo

Por Giovani Marino Favero

Após um período de desanimo em relação à escrita, fui motivado à redação novamente pelo amigo Abraão. Desde que retornei de São Paulo para Ponta Grossa eu corto o cabelo com o Abraão, hoje em dia meu filho já segue o mesmo costume. Lembro do tempo que eu ia ao barbeiro em Maringá, quando tinha oito ou nove anos de idade e o profissional da tesoura não perguntava como você queria o corte, era sempre o mesmo, penteado à direita, com base lateral estilo militar.

Vivi minha infância no final do período militar, falava-se pouco no salão e o corte era o mesmo por que o país vivia assim, a discussão publica era cuidadosa e o padrão estético seguia o sentido de pouco chamar a atenção e se diluir em um mundo de gente parecida. Todos meus amigos de escola usavam o mesmo corte penteado para o lado, alguns levavam o pente Flamengo, portátil, no bolso esquerdo da calça do uniforme marrom do colégio católico.

Não preciso falar que as tecnologias e a sociedade mudaram absurdamente nesses mais de trinta anos, mas ao menos o feng shui de boa parte dos salões de corte de cabelo masculinos ainda apresentam um pé nos anos oitenta, porém a conversa é leve, livre e os cortes também.

Acho que a mais de cinco anos o Abraão tem Wifii e, nessa mesma época ele inseriu, também, a máquina de cartão, débito somente. Da maneira mais simples possível, a presença da internet e da maquineta de pagamento era um processo revolucionante para o ambiente que já contava com TV a cabo a mais de uma década. Os jornais e as revistas de carro impressas ainda fazem parte do local.

Nesse período, as inúmeras convenções de empreendedorismo falavam em digitalização, plataformas virtuais, menos gente, mais computador.  O celular passou a fazer tudo, comunicação, fotos, vídeos, compras e pagamentos. O cartão virtual já está disponível a um bom tempo nesse pequeno aparelho.

O cartão deixou de ser utilizado pelo Abraão em menos de um ano, no começo estranhei, mas tudo bem.

Em outubro desse ano fui a um evento do SEBRAE e, obviamente, as novas tecnologias são assustadoras, mas o que foi enfatizado, entre uma avalanche de conhecimentos, é a necessidade da relação entre as pessoas, o contato, conhecer o cliente, saber quem é e se importar um pouco.

O que me passou a impressão é que o excesso de telinhas está saturando as pessoas, sendo o contato primordial para as interações humanas. Boa parte das novas empresas, startups, focam no orgânico, artesanal, amigo da natureza, maluco beleza. Vejo que o equilíbrio entre a máquina, a terra e o homem é o que todos almejam.

Assim como no corte de cabelo, por sinal qualquer modelo é moda, vale a pena observar em outros ambientes coletivos as relações humanas, vendo mensagens no Wifii do local, podendo emitir opiniões sem medo, e tendo a certeza que a maquininha de pagamento vai deixar de existir em breve, lá no Abraão já não usam há um bom tempo.

Giovani Marino Favero é Pró-reitor de Pesquisa e Pós Graduação da UEPG

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