Debates
Engenharia para a vida
Da Redação | 11 de dezembro de 2019 - 03:55
Por Ricardo Rocha
Neste dia 11 de dezembro comemoramos o Dia do
Engenheiro. São 86 anos desde a regulamentação dessa profissão que escolhi para
minha vida, na década de 1980. Mesmo com mais de 30 anos de atuação, ainda me
surpreendo com os avanços e inovações que estão ligados às engenharias, que têm
em comum a missão nobre de promover melhorias para nossa sociedade, a partir de
conhecimento e técnicas aplicadas.
Tenho visto histórias de vida e o reflexo das
transformações de nosso mundo por meio dessa profissão. E o Paraná tem sempre
um capítulo de destaque nessa trajetória da engenharia - por exemplo, quando
teve a primeira engenheira civil do Brasil, Enedina Alves Marques, dando início
a um processo de igualdade de oportunidades para homens e mulheres. Formada em
1945 e reconhecida como uma das maiores engenheiras do país, Enedina tem em sua
trajetória obras grandiosas como a usina Capivari-Cachoeira, em Antonina,
considerada a maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país.
Ainda antes dela e até mesmo antes da
regulamentação da profissão em 1933, tivemos muitos engenheiros formados pela
então Escola de Engenharia criada em 1912, passando depois para Faculdade de
Engenharia e finalmente integrando a grade de cursos ofertados pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por muito tempo, o Paraná foi o
responsável pela formação de muitos engenheiros em toda a América Latina, que
era carente de oferta de cursos nessa área. Até 1970, por exemplo, só havia a
formação de engenheiros no Paraná na nossa capital, sendo o início dos anos 70
do século XX o marco de expansão de escolas de engenharia no interior, inicialmente
em Londrina, Maringá e Ponta Grossa.
A escassez de oferta fez com que nosso Estado
atraísse mentes brilhantes e desenvolvesse líderes de visão e ação, como o
engenheiro civil Bento Munhoz da Rocha Neto, que além de ter sido considerado
uma referência nessa área, tornou-se um dos mais importantes governadores do
Estado, responsável pelas obras do Centro Cívico em Curitiba, com a edificação
do Palácio Iguaçu, do Palácio da Justiça, da Biblioteca Pública do Paraná e do
Teatro Guaíra, além de ser um dos fundadores da Companhia Paranaense de Energia
Elétrica (Copel).
Hoje, a engenharia segue formando líderes que
transformam nossas cidades, nossos campos, nossas casas, promovendo o desenvolvimento
e o processo de melhoria contínua em nossas vidas, em nosso planeta. Só no
Paraná, são cerca de 83 mil engenheiros registrados, trabalhando pelo progresso
acelerado que temos visto em nosso dia a dia. Com apoio de muita inovação,
situações que costumavam ter soluções morosas e dispendiosas são tratadas com a
velocidade e a sustentabilidade que essa nossa era digital pede.
A energia limpa, que substituirá o uso de
petróleo, será realidade em 15 anos. Segundo a consultoria britânica Wood
Mackenzie, 2035 será o ano de virada, em que as fontes renováveis de energia –
eólica, hídrica, solar – serão prioritárias em qualquer área, do transporte,
passando pelo comércio, construção, até a indústria. Para haver condições de
mercado para essa transformação, os engenheiros têm trabalhado em soluções mais
inovadoras e disruptivas que em qualquer outro momento de nossa história.
Na construção civil, são as construtechs
(startups do setor) que estão revolucionando o jeito de construir e de morar,
com sistemas de chave digital, montagem de casas e prédios com processo
industrial e tantas outras alternativas que mudarão para sempre esse setor.
As transformações são rápidas. A engenharia caminha na mesma velocidade da revolução 4.0 que está impactando nossa existência e nosso jeito de viver. Os engenheiros que não integrarem as novas tecnologias a suas entregas ficarão obsoletos. Mas há uma questão central que não mudou, nem mudará jamais, não importa a velocidade que o mundo estiver girando: é a essência da engenharia, de qualquer engenharia, que é e pra sempre será a qualidade de vida do ser humano em nosso planeta . Tem sido assim desde o início dessa profissão e enquanto houver vida, haverá um engenheiro para que ela seja aproveitada em seu melhor.
Engenheiro Civil Ricardo Rocha – Presidente do Crea-PR