Debates
Professor, mestre a serviço da sociedade
Da Redação | 12 de outubro de 2019 - 02:51
Por Esther Cristina Pereira
Hoje, podemos afirmar categoricamente que o professor adicionou ao símbolo de transmissor de conhecimento algo mais amplo: o papel de orientador
Quantos de nós têm um professor para se espelhar? Aquela pessoa
que, diariamente, validava o seu papel após levantar todas as manhãs, a fim de
fazer a diferença na aprendizagem de alguém que, não raro, era um completo
estranho.
Ao ler isso, você deve ter trazido à mente pelo menos um
docente da sua formação, ou ao menos alguém que tenha lhe causado uma impressão
positiva na sua trajetória. Para essa pessoa, em alguns países, é conferida uma
alcunha digna da responsabilidade: mestre.
Hoje, podemos afirmar categoricamente que o professor
adicionou ao símbolo de transmissor de conhecimento algo mais amplo: o papel de
orientador. Isso tem um porquê que, paradoxalmente, não condiz com o tratamento
que lhe é dado no Brasil, atualmente. Cada vez mais pais ou responsáveis
atribuem ao educador o dever de ensinar não apenas matemática, português ou
geografia, mas, também, noções de ética, cidadania e caráter. É muito para dar
conta.
Mais ainda num contexto em que servidores – sejam eles
públicos ou privados – lidam com uma escassez de recursos; contingenciamentos
de verbas; desrespeito em sala de aula; ou salários que não fazem jus ao que é
exigido, entre outras situações que colocam à prova a chamada “vocação”.
É seguro dizer que dar aula no Brasil é um desafio em escala
mundial: segundo a pesquisa Global Teacher Status Index 2018 – realizada pela
ONG Varkey Foundation em 35 países – o nosso país é o que menos valoriza o
status dos professores na sociedade, atrás de nações como Gana, Indonésia e
Argentina. No levantamento, foi constatado ainda que menos de 10% das pessoas
acreditavam que os alunos respeitavam seus professores.
No Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, faz-se
necessária a seguinte reflexão: qual a estrutura que, como sociedade, provemos
aos detentores do conhecimento? Será que damos o mesmo valor a alguém assim que
damos, por exemplo, a estrelas globais ou jogadores de futebol?
Quanto ao cenário atual em sala de aula, uma provocação: hoje é impossível ser professor sem querer aprender, também. Poucas vezes na história da humanidade se viu uma revolução no ensino como a que temos observado nas últimas décadas. Se bem analisadas, para melhor: avanços tecnológicos que potencializam a aquisição de conteúdo por parte dos alunos, diversificam a metodologia, mídias e formas de aprendizado para – ao mesmo tempo – colocar na mão do docente o gerenciamento desse processo, quase como uma espécie de “curador” do que é vital em determinado assunto.