Debates
Precisamos conversar, refletir e repensar
Da Redação | 10 de outubro de 2019 - 02:43
Por Matheus Worschech Fernandes
No último domingo, 06, na Universidade Estadual de Ponta
Grossa, foram eleitos os novos Conselheiros Tutelares, com gestão de quatro
anos (2020/2024). Ao todo foram 89 candidatos para 15 vagas.
O processo eleitoral, embora tenha legislação própria,
segue, também, a lei das eleições. Contudo, infelizmente, houve diversas irregularidades
por parte dos candidatos. O processo, de modo geral, foi tranquilo, mas gerou o
oferecimento de denúncia junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente por parte deste que subscreve.
Após a divulgação, na data de segunda-feira, 07, às 19h26, da
matéria intitulada ‘Oito candidatos ao Conselho Tutelar são denunciados’, no
Portal aRede, como já esperado – dado a gravidade – em pouquíssimo tempo uma
enxurrada de comentários, vários apontando irregularidades no dia da eleição.
Insta salientar que é salutar, mas causa certo espanto. Ora,
dado a quantidade de denúncias, através dos comentários, por qual motivo elas
não foram formalizadas junto aos órgãos competentes?
Precisamos ter em mente que o exercício pleno da cidadania
é, ao tomar conhecimento da irregularidade, não se conformar e denunciar, não
nas redes sociais, mas junto aos órgãos competentes.
A palavra denúncia que causa espanto e medo nas pessoas, por
conta de historicamente estar associada, principalmente, a ação criminal ou
demeritória, nada mais é que um verbo transitivo direto e bitransitivo que
significa propagar, anunciar. Ou seja, tornar conhecido o fato.
Se os órgãos competentes não tomam conhecimento como irão
averiguar as (supostas) irregulares e aplicarão a Lei de forma pedagógica para
que o fato não ocorra em pleitos futuros?
Infelizmente, a cidadania não é algo que se aprende na
literatura, mas no convívio, é no dia a dia que exercitamos a nossa cidadania.
Fato é, não esperava a repercussão, recebi de mensagens a
ligações das mais variadas pessoas, incluindo vereadores e conselheiros
derrotados ou conselheiros-eleitos – desconheço a grande maioria. Não obstante,
várias pessoas me perguntaram como e onde deveriam denunciar as irregularidades
que presenciaram.
É extremamente importante uma campanha de conscientização
acerca do exercício pleno da cidadania, principalmente no que tange questões
“burocráticas” como a formalização de uma denúncia ao tomar conhecimento de uma
irregularidade.
Atentamente, busquei dar atenção a todos. Aos curiosos
informei que maiores informações deveriam ser buscadas no Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente e; Aos duvidosos sugeri tanto o Conselho
quanto o Ministério Público Estadual.
Não coloquei meu nome à disposição, mas apoiei
(in)diretamente um amigo de longa data, que, por sinal, foi eleito. E, por
motivos que desconheço, é o que está causando espanto em algumas pessoas – não
ele ter sido eleito, mas a denúncia.
Precisamos deixar a demagogia e a hipocrisia de lado. É
fácil ser moralista ou ético no discurso, principalmente no mundo virtual, e no
mundo real, no dia a dia?
Ao tomar conhecimento, senti o dever de denunciá-los, caso
contrário estaria sendo conivente. Ademais, quando se trata de dinheiro público
é o direito e o dever de todo cidadão fiscalizar e cobrar.
Ouso questionar, além dos nossos impostos utilizados para o processo eleitoral e o custeio do subsídio desses conselheiros, que pessoas são essas que para conseguirem o que querem utilizam das velhas práticas políticas? Será que estarão, ao decorrer do exercício da função, utilizando-se do ECA para a defesa e garantia dos direitos das nossas crianças e adolescentes? Vale a reflexão.
Matheus Worschech Fernandes é Acadêmico de Direito. E-mail para contato: [email protected]