Debates
A propósito das sacolas de plástico
Da Redação | 05 de setembro de 2019 - 02:10
Por Gino Paulucci Jr.
O setor de Máquinas e Acessórios para a Indústria do
Plástico, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e
Equipamentos (ABIMAQ), teve um bom resultado em 2018 e acima de outros setores.
Pelo andar das coisas, 2019 será melhor, em especial no segundo semestre. A
melhora do nosso setor vem ocorrendo apesar de o plástico ser tratado como um
problema isoladamente quando, na verdade, ele faz parte do conjunto dos
resíduos sólidos. Esse, de fato, é o problema.
No entanto, dentro da nossa meta de economia circular plena,
a adversidade acontece principalmente por culpa do poder público que, na
verdade, é o dono do lixo e não incentiva a separação, nem providencia a coleta
seletiva. Ele não investe em educação ambiental, defensora de que todos devemos
aprender a consumir menos de tudo e depois reutilizar o que for possível.
Depois é preciso destinar para reciclagem o que for conveniente. Neste
caso, é o plástico que se diferencia dos outros resíduos sólidos, pois é
totalmente reciclável e com custos menores do que os de outros resíduos.
A conclusão, portanto, é que o plástico é mais solução do
que problema se for bem manejado e processado. Apesar de tantas campanhas
patrocinadas por interesses escusos, a população já nos vê como solução para
vários problemas, além de, naturalmente, proporcionarmos maior segurança
alimentar e segurança em setores da saúde.
No Ministério do Meio Ambiente, os resíduos são encarados na
sua totalidade. Naquele órgão não há mais aquela mentalidade como em outros
tempos, quando pensavam, por indução de alguns setores, que o único vilão a ser
combatido e banido era o plástico. Hoje, de fato, o Ministério também nos
observa como solução.
Para ser justo, há que se pensar no geral para que tenhamos
soluções factíveis e não fazer o bem para um em detrimento de outro. Deve haver
um ganho integral e para todas as partes envolvidas. Não é difícil fazer isso
porque estamos falando de resíduos que valem dinheiro e se administrarmos bem
esses recursos todos ganharemos. Portanto, é um crime jogar dinheiro que
pertence ao poder público em aterros sanitários e gastar mais dinheiro ainda
com esses locais. Na imensa maioria das cidades, tudo vai para os ‘lixões’
mesmo e, pior, gasta-se dinheiro para enterrar dinheiro e ainda poluir o lençol
freático. É uma burrice completa.
Para fugirem das coisas realmente relevantes e que exigem
muito investimento, alguns governantes proíbem canudinho e restringem sacolas
plásticas. O importante é que a razão sempre vencerá, mesmo algumas mídias
noticiando falsamente que estão proibidas sacolas no Rio de Janeiro. O que não
é verdade. A realidade é que colocaram algumas regras nas composições dessas
sacolas e tudo bem. A notícia como tem sido apresentada é falsa.
A jornalista Leda Nagle escreveu um brilhante texto
intitulado ‘Me engana que eu gosto’, no qual analisa bem o problema. Entre
outros ótimos argumentos, lembra que a partir de agora, em cidades como
São Paulo e Belo Horizonte, não haverá mais despesas dos supermercados com o
consumidor. Depois da compra, para muitas pessoas, a difícil situação de
transportar e carregar os produtos para casa será unicamente deles.
Como levá-los para casa será uma dúvida para cada um e não dos supermercadistas. “Até porque”, escreveu ela, “não são eles que vão entrar nos ônibus cheios, nos trens lotados, no metrô entupido, nas barcas sobrecarregadas, levando uma caixa de papelão. Uma mala sem alça. E ainda querem convencer você, pessoa de boa-fé, que estão ajudando na reconstrução do planeta. Não é meigo? Não. Acho cínico. E a parte deles?...”
*Gino Paulucci Jr. é presidente da Câmara Setorial de
Máquinas e Acessórios para Indústria do Plástico da Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ).