Debates
As sacolas plásticas e o início de um novo tempo
Da Redação | 13 de julho de 2019 - 01:17
Por Mariana Schuchovski
Desde o último dia 26 de junho, os estabelecimentos do
Estado do Rio de Janeiro estão proibidos de oferecer sacos ou sacolas plásticas
descartáveis aos seus clientes, devido a aprovação da Lei 8.006/2018. Na mesma
semana, a cidade de São Paulo (SP) sancionou um projeto de lei municipal para a
proibição do fornecimento de canudos plásticos na cidade. Seguindo esse ritmo,
logo medidas semelhantes estarão presentes em todo Brasil.
E agora, o que podemos fazer? Muitos de nós passamos a vida
inteira usando copos e canudos plásticos em festas, restaurantes e escritórios,
e sacolas plásticas para as compras. Essas mudanças são reflexo de um tema
importante e discutido há muito tempo. Os impactos que causamos ao meio
ambiente precisa ser repensado urgentemente. Economia circular, negócios de
impacto, sustentabilidade, economia de baixo carbono, empreendedorismo social,
indústria 4.0. Com a definição de um novo marco legal e diante de tantos temas
relevantes, fica evidente que estamos vivenciando momentos de grande transformação.
Uma verdadeira disruptura.
Como consumidores e cidadãos, sabemos da importância de
consumir de forma consciente, priorizando produtos e serviços que minimizem os
impactos negativos ao capital natural e à biodiversidade, ao mesmo tempo em que
respeitem os direitos humanos e as relações sociais e trabalhistas. Isso tudo,
sem deixar de lado a viabilidade econômica, aspecto igualmente importante para
o equilíbrio e o desenvolvimento sustentável. Mas como sociedade, precisamos
também assumir o compromisso de produzir de forma responsável. Em outras
palavras: a conscientização sobre as responsabilidades na atuação de cada
organização, instituição e indivíduo.
As sacolas e os canudos plásticos são a ponta do iceberg,
quase como um chavão, pois representam apenas uma tímida parcela da quantidade
de plástico e de matérias-primas de origem fóssil (como petróleo) que
consumimos. No entanto, muito maior do que o impacto na quantidade do plástico
consumido, é o impacto na mudança de hábitos. E é justamente aí que reside a
grande transformação, importante e urgente. Esta mudança ocorre mais lentamente
do que a adaptação tecnológica, já que vivemos tempos de inovação acelerada,
pois envolve questões culturais, econômicas, sociais, dentre tantas outras.
No caso dos canudos, por exemplo, foram adotadas inúmeras formas de conscientização da população sobre os perversos impactos do plástico sobre a vida marinha e a terrestre. Vídeos, postagens e campanhas diversas evidenciando a realidade com o engajamento de tantas pessoas famosas e não famosas, foram cruciais para desencadear o processo de revisão sobre a maneira como consumimos.
Apesar da dificuldade de se conscientizar uma população de
que o novo modelo é melhor do que o modelo anterior, a mudança de hábitos passa
a ser duradoura. “A mente que se expande a uma nova ideia, jamais retornará ao
seu estado original”, Einstein declarou muito sabiamente.
Torçamos para que esta premissa possa valer também para tantos outros produtos e processos que precisamos rever. Embora recente e, talvez ainda pouco consolidado, dificilmente voltaremos a consumir canudos plásticos. O mesmo se aplica às sacolas plásticas. Elas são só o começo. E não tem mais volta.
*Mariana Schuchovski é Doutora em Engenharia Florestal,
professora de Sustentabilidade no ISAE Escola de Negócios e fundadora da Verde
Floresta – Sustentabilidade, Meio Ambiente e Florestas.