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Imagem ilustrativa da imagem Vem aí o PG Memória

Por Alberto Portugal

Toda cidade grande faz as pessoas serem mais frias. Nem todas, na verdade, mas uma esmagadora maioria. As cidades mais cheias de prédios, com maior densidade demográfica tendem a oferecer mais pressão na vida das pessoas, com rotinas mais exaustivas, mais correria e um movimento frenético muito maior, se comparadas às urbes de menor porte. Naturalmente. Parece óbvio que a vida no interior ribeirinho seja mais pacata.

Afinal de contas, ninguém é a própria cidade: ela é formada por um grande conjunto de pessoas, cada qual com sua cultura, cada qual com seus anseios e como num balaio, todo mundo acaba sendo chacoalhado pra se misturar um pouquinho com o outro. O tempo é sempre curto, e nesse corre corre dos dias (cada vez menores) vai faltar vez pra desenvolver o tal sentimento de pertencimento.

“I love PG city”, dizia uma camiseta à venda nestas bancas pra turista. Não é raro que esse efeito de globalização venha quebrar aqui no nosso nariz, e diante da falta do sentimento de pertencimento é normal que se comercialize a frase n’outra língua. Nada contra ela, nem ao dono da banquinha e muito menos contra o turista que a compra. O problema é quando a gente se depara com uma das cidades mais bonitas do Brasil (e que pasmem: não é o Rio!) sendo desperdiçada por quem aqui está vivendo. As pessoas não conhecem a própria história e em um momento oportuno você pode perguntar a um adolescente qualquer, de qualquer classe social e terá a resposta: ah, se eu puder eu quero ir morar fora porque qualquer lugar é mais legal que aqui. Não! Não é verdade!

Pouca gente sabe, mas Ponta Grossa foi a primeira em muita coisa. Foi destaque em tantas outras. Estivemos entre as primeiras cidades do Brasil a ter um cinema! Nossa arquitetura modernista é ainda reconhecida como uma das mais ricas do país... Por aqui já se fazia turismo desde o começo, e aquela taça meio torta que pra gente é tão banal já recebeu gente do mundo todo que ficou maravilhada e disse em inglês “I love PG city”!

Em tempos em que a tecnologia nos transporta pra qualquer lugar, e a globalização massacra a identidade local, mais do que nunca é preciso pisar no chão, identificar o que nos une, como chegamos até aqui e pertencer a este lugar. Resgatar um quê de bairrismo, e perceber quanto essa cidade de ladeiras é legal.

Permita que o seu DNA emocional observe o petit pavé das calçadas da rua XV (como foram postas, uma a uma?). Contemple aquela cena dos velhinhos jogando conversa fora. Teriam sido eles amigos dos meus avós? Emocione-se com as coisas simples, como um sorvete da Polar, o sino da Gravina. Espante as pombas na “praça dos polacos”.  Espalhe seu olhar pelas esquinas procurando (ainda que a original seja insubstituível) uma nova Xuxa do Calçadão, e na hora da fome pense automaticamente nas comidas tradicionais: empadinhas Otto, tortas da Batavo, linguiça do Adi... São coisas tão simples, mas que fazem parte das nossas histórias.

Viaje e ame Winchester, Amsterdã, Buenos Aires, New York... Mas volte sempre pra sua própria memória, onde os seus viveram, os seus viverão e onde está a sua história e da sua gente: a nossa Ponta Grossa. Em agosto, vamos juntos embarcar em uma viagem pelo tempo e descobrir que há muito mais dessa linda Princesa em cada um de nós do que nós supúnhamos. Vem aí o PG Memória. I love PG city.

Alberto Portugal é Diretor de teatro, coordenador da Casa, Arquiteto e Urbanista, bacharel em artes visuais e professor.

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